PF vê indícios de envolvimento de presidente do PL, ex-ministro da Justiça e ex-chefe da Abin em planos golpistas de 2022
Valdemar Costa Neto, Anderson Torres e Ramagem foram indiciados com Bolsonaro e outros militares por trama após derrota para Lula nas eleições
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, entre aliados, militares e ex-assessores, por tentativa de golpe de Estado. O relatório final da investigação inclui trechos que afirmam que o ex-chefe do Planalto sabia do plano Punhal Verde e Amarelo para matar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de 2022.
A PF aponta ainda que o grupo agiu em seis núcleos de atuação. Nem todos os 37 indiciados sabiam ou se envolveram no plano para executar os integrantes da chapa vencedora e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre eles estão Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 8 de janeiro de 2023, Anderson Torres, além do deputado federal Alexandre Ramagem. Os três foram indiciados por tentativa de golpe de estado e abolição violenta do estado democrático de direito. No entanto, não foram citados pela PF de terem participado plano Punhal Verde e Amarelo.
O chefe do partido de Jair Bolsonaro virou alvo do TSE após o PL entrar com uma ação para pedir anulação de parte dos votos computados nas urnas eletrônicas em 2022.
Além disso, ele também está relacionado à produção da minuta do golpe, descoberta pela PF durante a Operação Tempus Veritatis, em fevereiro. Segundo as investigações, o presidente do PL teria usado a estrutura da legenda para financiar apoio a narrativas que questionavam, sem provas ou indícios, o resultado das eleições.
A PF entende que o PL, a mando de Valdemar Costa Neto, foi um financiador das narrativas que legitimavam a presença de milhares de pessoas acampadas em frente a quarteis generais do Exército em várias partes do Brasil.
Anderson Torres
Após ter sido preso no ano passado por não ter montado um esquema de segurança para evitar os ataques golpistas do 8 de janeiro, a PF encontrou uma minuta do golpe na casa do ex-secretário da SSP-DF e ex-ministro da Justiça.
O documento previa uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no fim de 2022. O texto não chegou a virar um decreto oficial, mas foi mais uma prova coletada pela polícia no andamento das investigações. Torres consta no último relatório da PF por conta do envolvimento na produção da minuta golpista, não pela execução ou planejamento do Punhal Verde e Amarelo.
Alexandre Ramagem
Candidato de Bolsonaro à Prefeitura do Rio de Janeiro este ano, o deputado federal é ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele também foi indiciado por tentativa de golpe de estado e abolição violenta do estado democrático de direito.
Ramagem fazia parte de um núcleo de investigação paralela, fazendo uso, por muitas vezes, da estrutura da Abin. Segundo a PF, ele usava da ferramenta israelense FirstMile para monitorar ilegalmente autoridades dos Três Poderes da República.
A investigação também encontrou, em posse de Ramagem, arquivos para orientar Bolsonaro politicamente a descredibilizar as urnas eletrônicas. As informações contidas no arquivo foram comprovadas como falsas e sem fundamento.