Ministério Público denuncia assassinos de homens que planejaram sequestro de Moro
Eles foram degolados e denúncia aponta que ambos sofreram "violência extrema" durante execuções dentro de presídio, considerado reduto do PCC
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) ofereceu denúncia, nesta terça-feira (02), contra os quatro presos acusados pelo assassinato de dois homens que estavam encarcerados por planejarem atentados e sequestros de autoridades, entre elas o senador Sergio Moro (União). Ambos eram do Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Eles foram executados dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, considerado o reduto do PCC. O SBT Brasil trouxe, com exclusividade, imagens que mostram o momento das execuções.
Entre os nomes citados na denúncia estão Luís Fernando Baron Versalli, 53, o Barão; Ronaldo Arquimedes Marinho, 53, o Saponga; Jaime Paulino de Oliveira, 46, o Japonês, e Elidan Silva Ceu, 45, o Taleban, acusados de matar Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Ré, ambos com 48 anos de idade.
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Os dois foram degolados e denúncia aponta que eles sofreram "violência extrema" durante a execução. Foram usados no crime um punhal e um canivete artesanal.
As câmeras que gravaram as mortes estão em dois pontos diferentes da penitenciária. As imagens são fortes.
O que aconteceu?
O acerto de contas dentro do PCC aconteceu na hora do almoço, durante o banho de sol, no dia 17 de junho. Os condenados à morte eram Reginaldo Oliveira de Souza, o Rê, e Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo.
Nefo e Rê foram presos pela Polícia Federal, no ano passado, acusados de planejar o sequestro e assassinato de autoridades, a mando do PCC. Entre os alvos estavam o senador Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Os criminosos falharam na missão determinada pela facção. Além disso, os dois teriam deixado rastros dos planos que comprometem outros nomes da facção.
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O primeiro a ser atacado é Reginaldo. Vítima e assassinos estavam numa área chamada de "gaiola". Os detentos Jaime Paulino de Oliveira, o Japonês, e Elidan Silva Ceu, conhecido como Taleban, entram na cela à direita – um banheiro usado pelos presos como uma barbearia.
Ronaldo Arquimedes Marinho, o Saponga, chega carregando uma das armas. Foram usados no crime um punhal e um canivete artesanal.
Reginaldo chega e é chamado por Saponga para uma conversa, dentro da barbearia. Um outro preso, Marcelo Vieira, faz exercício de barra na porta da cela. É quando aparece o matador principal: o "Barão". Ele entra e um lençol é esticado na porta por Marcelo, para esconder o assassinato.
Três presos evangélicos rezavam ao lado, de joelhos. Nem os gritos atrapalham a oração. Um minuto e meio depois, os matadores saem. Reginaldo está morto com dezenas de estocadas.
Sujo de sangue, Barão tenta se lavar. No mesmo instante, Saponga aparece tentando atrair Nefo, a segunda vítima, para dentro da barbearia.
Foi aí que surgiu um imprevisto. Nefo, criminoso experiente e até então homem de poder na facção, percebe que os parceiros de crime estão sujos de sangue. Ele corre e a segunda e sangrenta morte acontece no pátio, na frente de todos os presos.
Nefo é cercado por Barão e Jaime, o Japonês. Ele tenta se defender, mas recebe vários golpes de faca e cai no chão.
Apesar dos graves ferimentos, ele consegue levantar e briga com os agora inimigos da facção, mas leva uma rasteira de Saponga, e cai pela última vez. Ele é chutado e esfaqueado inúmeras vezes até morrer. Segundo laudo dos peritos, Nefo tinha mais de 30 perfurações pelo corpo todo.
Os assassinos ainda voltam para conferir se o preso estava morto. Enquanto isso, a vida no presídio que reúne os bandidos mais perigosos de São Paulo continua. Como se nada tivesse acontecido, os detentos caminham ao lado, na faixa de sol. O crime termina com os assassinos se livrando dos vestígios do crime no tanque do presídio.
Minutos depois, Barão e Japonês chamam os agentes, entregam as armas e confessam os crimes. Eles disseram aos policiais que os mortos falaram demais sobre os planos de matar autoridades.