Justiça de São Paulo começa o julgamento do caso Joaquim
Garoto de três anos foi encontrado morto em um rio, no interior do estado, há 10 anos
Isadora Coelho
A Justiça de São Paulo começou a julgar, nesta 2ª feira (16.out), o então padrasto e a mãe de Joaquim Ponte Marques pela morte do menino, de três anos. O crime aconteceu há uma década, no interior do estado. Seis testemunhas de acusação foram ouvidas nesta 2ª, entre elas, o pai da criança.
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A movimentação começou logo cedo no Fórum de Ribeirão Preto. Esse deve se tornar o julgamento mais longo da história da cidade. A previsão é que dure pelo menos uma semana, mas pode ser prorrogado até o dia 27 de outubro. O pai do menino, Arthur Paes Marques, chegou acompanhado por advogados e pela esposa, mas não quis gravar entrevista.
O advogado de defesa do acusado, que era padrasto de Joaquim, afirma que o cliente é inocente. "No presente caso sequer foi comprovado qual a causa da morte, o que a perícia diz é que ele não morreu por afogamento. O meu cliente é presumidamente inocente até que se prove o contrário", diz Antônio Carlos de Oliveira.
Guilherme Longo responde por homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Já Natália Ponte responde por omissão, uma vez que ela não afastou a criança do convívio com o padrasto.
A mãe de Joaquim aguarda o julgamento em liberdade. A defesa dela alega que Guilherme tratava as crianças bem. "Houve alguns episódios de violência doméstica contra ela, infelizmente isso é uma realidade do país, mas contra o filho sempre foi um comportamento muito tranquilo, não tinha como ela prever que ele poderia fazer algo desse tipo", afirma o advogado Nathan Castelo Branco de Carvalho.
Hoje separados, Guilherme e Natália se conheceram numa clínica de reabilitação onde ele foi internado, em 2013. Natália atuava como psicóloga no local. Pouco tempo depois, os dois foram morar juntos.
Para a Polícia Civil e o Ministério Público, Joaquim, que era diabético, foi morto por Guilherme, com uma superdosagem de insulina. O menino fazia tratamento há apenas dois meses quando o corpo dele foi encontrado num rio, em Barretos.
Joaquim ficou cinco dias desaparecido. Na época, o padrasto deu uma entrevista falando sobre o suposto sumiço e confirmou que usava drogas. "Eu sou dependente químico há alguns anos, eu passei por tratamento e estava limpo há mais de um ano. Estava bem e tive uma recaída recentemente, há mais ou menos duas semanas".
Três anos depois, em 2016, Guilherme fugiu do Brasil enquanto aguardava o julgamento em liberdade. Ele foi preso por agentes da Interpol, em Barcelona, na Espanha, e depois, acabou extraditado.