Dados de inquérito revelam plano do PCC em execução contra Moro
Imagens de imóveis alugados em Curitiba, contabilidade e mapas de monitoramento integram processo
O inquérito da Polícia Federal (PF) contra integrantes do PCC mostram que um grupo de elite da facção tinha um plano em execução para sequestrar e até matar o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, atual senador pelo União Brasil-PR, e familiares. O plano foi frustrado nesta 4ª feira (22.mar) com a deflagração da Operação Sequaz.
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Os crimes, que envolviam ainda atentados simultâneos em pelo menos cinco estado contra outras autoridades, seria uma retaliação do comando da facção ao endurecimento das penas. As medidas foram adotadas entre 2019 e 2020, quando Moro era ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PL).
O plano orquestrado por um núcleo especial do PCC denominado "sintonia restrita", segundo as apurações, tinha registro das atividades, planos coordenados e estava em execução. Tudo era monitorado pela PF e pelo Ministério Público.
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O senador Moro e o promotor Lincoln Gakiya, de São Paulo, que há 20 anos combate o crime organizado e viu nascer e crescer o PCC, eram dois dos alvos. Pelo menos dez outras pessoas estão na lista. Nesta 5ª feira, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ironizou o plano de atentado alvo da operação da PF.
Nesta 5ª feira (23.mar), a Justiça Federal de Curitiba tirou o sigilo do processo, em que foi deflagrada a Operação Sequaz.
"Temos como comprovada a atuação dos criminosos na cidade de Curitiba/PF, há pelo menos seis meses, com presença física dos investigados, veículos, bem como ações voltadas para a prática dos crimes em apuração", informa documento do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), da PF.
O plano de ataques coordenados a autoridades nacionais estava em fase avançada, com monitoramento de alvos em execução desde final e janeiro, aluguel de imóveis próximos aos endereços e veículos blindados.
Os investigadores mostraram também que o monitoramento de Moro e as ações no Paraná contra ele. O ex-juiz da Lava Jato e atual senador é chamado pelos criminosos pelo codinome Tókio.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, a fase tinha passado do planejamento e estava em execução. Há registro nos autos dos imóveis usados pelos alvos.
Um dos trechos do documento da PF em que se justifica a necessida das prisões e buscas, foi apontado os imóveis usados pelo PCC, os registros de anotações sobre o custo em Curitiba, entre outras provas, que evidenciariam que o grupo estavam executando a ação.
Sequaz
Os alvos dos 11 mandados de prisão da Sequaz são criminosos conhecidos das autoridades de São Paulo. São traficantes, sequestradores, assassinos, condenados, foragidos e alguns que foram recentemente liberados.
Um deles é Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, do alto escalão do PCC, que deixou a Penitenciária Federal de Brasília, em 2022, após quase 16 anos de prisão, e segue foragido.
Outro nome de destaque é Valter Lima Nascimento, o Guinho ou Zoinho, traficante ligado a um nome forte do PCC, o Gilberto Santos, o Fuminho, e que foi preso em 9 de janeiro deste ano, em São Paulo, por policiais da Rota.
Dos 11 cabeças identificados e alvos dos mandados de prisão desta 4ª feira, nove foram detidos. A maioria no interior do estado, na região do complexo penitenciário Campinas-Hortolândia. Dois alvos estavam em Guarujá (SP) e São Paulo.
A operação foi resultado do monitoramento que a polícia e o MP paulista fazem de membros da facção. Em janeiro foi detectado o plano de ataque, em especial, envolvendo a família de Moro. A PF, a Polícia Legislativa do Senado e os alvos foram avisados pelo MP paulista. Houve reforço na segurança dos alvos e os dados foram compartilhados com policiais federais.
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