AGU pede reconsideração do arquivamento de representação contra Wallace
Jogador de vôlei abriu enquete nas redes sociais sugerindo "dar tiro na cara" do presidente Lula
Rafaela Vivas
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta 6ª feira (3.mar) ao procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol que reconsidere a decisão de arquivar a representação apresentada pelo órgão judicial contra a manifestação de Wallace Souza. Pelas redes sociais, o atleta fez uma enquete sugerindo "dar um tiro" no presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No pedido de reconsideração, a AGU argumenta que retratar o episódio como "deslize", como fez a defesa de Wallace na contestação à representação da AGU no tribunal desportivo, ou "infeliz" e "lamentável", como inicialmente considerou a procuradoria, é utilizar eufemismos para "suavizar os contornos e relativizar a extrema gravidade da conduta adotada".
Em outro trecho do documento, alerta para o ato criminoso praticado.
"Os fenômenos sociais têm de ser denominados pela sua nomenclatura jurídica correta, e o que foi praticado pelo atleta representado denota na realidade um ato criminoso, tipificado no art. 286 do Código Penal, e é dessa forma que o tema tem de ser tratado", escreve à AGU.
Relembre o caso
No dia 30 de janeiro, o jogador de vôlei, campeão olímpico pela seleção brasileira, postou em sua conta no Instagram uma foto sua com uma arma calibre 12 na mão e abriu uma enquete perguntando: "Daria um tiro na cara do [presidente da república] Lula com essa 12?". Um dia depois, após repercussão, ele voltou às redes e pediu desculpas.
O atleta chegou a ser suspenso, no início de fevereiro, de forma cautelar, pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). No parecer oficial o conselheiro-relator Ney Belo acolheu a representação da Advocacia-Geral da União (AGU) contra a conduta de Wallace, por promover, de forma pública, incitação ao crime. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do voleibol decidiu arquivar a notícia de infração.
Em seu parecer a instituição lamentou a atitude, mas afirmou não ter encontrado requisitos para um eventual processo desportivo disciplinar, e que a única ligação com o esporte é o fato de Wallace ser um atleta.
O Sada Cruzeiro, equipe do jogador, em nota após o episódio, reiterou que "repudia e não compactua com nenhum ato que possa significar incitação à violência", e destacou "a grande responsabilidade que carregam as figuras públicas e exemplos do esporte".