Elize Matsunaga é acusada de falsificar documento em Sorocaba, São Paulo
Se ficar comprovada a violação de regras do regime aberto ela poderá voltar para a prisão
Rafaela Vivas
A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar se Elize Matsunaga, condenada a 16 anos por matar e esquartejar o marido, usou documento falso para conseguir um atestado negativo de antecedentes criminais e ser contratada numa empresa de construção civil no município de Sorocaba, em São Paulo.
O caso começou a ser investigado após uma denúncia anônima. Elize precisava da documentação para a entrada e saída em condomínios de luxo da cidade. Na nova função, para ter acesso aos locais de trabalho, ela teve de apresentar um nada consta. Como não tinha, optou por uma falsificação grosseira, segundo os agentes. Ela teria usado o documento em nome de outro funcionário da empresa e colado por cima seu nome de solteira, Elize Araújo Giacomini. Além da alteração no QRCode, suprimiu os dois últimos dígitos de autenticação, uma falsificação visível, de acordo com a polícia.
Nesta 2ª feira (27.fev) na Operação Nada Consta, os agentes cumpriram mandado de busca e apreensão em Franca, no interior, onde Elize mora atualmente e trabalha como motorista de aplicativo. Detida, ela foi conduzida até o 8º Distrito Policial de Sorocaba, onde ficam os condomínios em que teria apresentado o documento falso.
Em depoimento, a ex-detenta admitiu ter trabalhado na empresa, mas negou que seja autora da falsificação e que tenha usado o documento. Ela foi liberada pela polícia, mas foi indiciada no artigo 304 do Código Penal pelo crime de uso de documento falso. O inquérito agora segue para o Juízo de Execução Penal que vai analisar o material e decidir se a ex-detenta segue em liberdade ou volta para a prisão.
Segundo o Código Penal, o condenado reincidente (aquele que pratica outro crime, mesmo já condenado por um anterior) pode perder o direito de cumprir a sua pena nos regimes semiaberto ou aberto e pode ter que voltar ao regime integralmente fechado.
Após progredir para o regime aberto, Elize Matsunaga, 41 anos, trabalha como motorista de aplicativos em Franca, no interior de São Paulo. Ela está fora da penitenciária feminina de Tremembé desde maio de 2022.
Na ocasião, havia completado dez anos na prisão. Ela foi condenada por assassinar o então marido, Marcos Kitano Matsunaga e esquartejar o corpo do herdeiro da Yoki Alimentos. Em 2012 Elize foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão, mas, em 2019, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena para 16 anos.
A ex-detenta é bacharel em Direito, formada também em contabilidade e técnica de enfermagem e teve descontos na pena por trabalhar e estudar na prisão.