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Justiça

Primeira mulher trans recebe carteira da OAB em Mato Grosso

"Estou aqui para quebrar paradigmas", afirmou Daniella Veyga Garcia Nonato ao receber documento que permite trabalhar no estágio

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Daniella Veyga posa para foto com a certidão da OAB
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A estudante de direito Daniella Veyga Garcia Nonato se tornou a primeira mulher trans a receber a carteira de trabalho da OAB de Mato Grosso. 

Apesar de a certidão ainda não ser definitiva, o documento permite que Daniella trabalhe como estagiária no ramo do direito. Em entrevista ao SBT News, Daniella disse que está muito contente e que, para ela, receber a carteira é simbólico. 

"Estou aqui para quebrar paradigmas", afirmou a estudante durante a cerimônia de entrega da carteira. "Mesmo sendo uma inscrição temporária de estagiária, é a primeira de uma mulher trans. E logo entro nos quadros definitivamente. Para mim, é muito simbólico, muito importante ver que nós estamos, a cada dia, ocupando mais espaço dentro das instituições". 

A estudante também disse que quer servir de inspiração para outras mulheres trans. "Através desse registro, eu posso fazer com que outras meninas se espelhem em mim. Criem forças, possam ter determinação para terminarem os estudos, entrarem numa universidade. E assim como eu, conquistarem seu registro de trabalho", afirmou. 

Nas redes sociais, a futura advogada foi comemorar. Postou um foto com a seguinte mensagem: "Hoje eu me tornei A PRIMEIRA TRAVESTI a ser inscrita na OAB do meu estado, Mato Grosso". 

Até a publicação desta reportagem, a publicação de Daniella tinha mais de 93 mil curtidas e quase 8 mil compartilhamentos no Twitter. 
 
Nascida em Cuiabá, Daniella tem uma vida marcada pela superação. Sempre estudou em escola pública e dependeu do ProUni para ingressar na faculdade. Ela foi a primeira mulher trans a integrar a diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) e é uma das organizadoras da Parada LGBTQI em Mato Grosso. 

Durante seu discurso na cerimônia de entrega da carteira, Daniella falou de preconceito e da dificuldade pelas quais todas as pessoas trans passam no mercado de trabalho. "É do sangue que derramaram. Pela falta de oportunidade. Estou fazendo justiça por elas. Não foi só a Daniella que recebeu esse documento, mas todas as pessoas trans de Mato Grosso assinaram juntas", afirmou. 

A estudante também relatou ter sofrido muito preconceito ao longo da vida e disse que já foi chamada na diretoria várias vezes para fazerem pedidos que não tinham relação com seu desempenho em sala. ". "Pediam que eu não usasse maquiagem, ou que não usasse o banheiro feminino. A gota d'água foi quando me pediram para não usar um salto que tinha ganhado de uma professora", contou. 

O presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB-MT, Nelson Freitas Neto, afirmou que a conquista de Daniella é um marco. "É a expressão da coexistência pacífica e justa entre os diferentes, respeitando a identidade de gênero, a dignidade da pessoa humana e principalmente o direito fundamental e básico do cidadão de ser quem é", afirmou. 

O presidente da OAB no estado, Leonardo Campos, disse que a entidade é a voz de tdos os segmentos sociais. "É nossa missão garantir a igualdade da justiça, o direito à cidadania, a dignidade humana e a inclusão social. Celebramos todos, a OAB e sociedade. E à Daniella, inspiração para a comunidade LGBTQI, desejamos muito sucesso na trajetória que começa com o estágio. Não vemos a hora de entregar-lhe sua identidade de advogada", afirmou. 
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