Operação Sangria: Cúpula do governo do Amazonas e vice governador são alvos
São cumpridos 5 mandados de prisões temporárias e 6 de buscas e apreensões por desvio de verba da compra de respiradores
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Polícia Federal, CGU e Ministério Público Federal apuram desvio na compra de respiradores. Foto: Secom/Governo do Amazonas
Uma força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) cumprem nesta quinta-feira (8 out.), cinco mandados de prisão temporária, seis ordens de buscas e apreensões contra investigados na segunda etapa da Operação Sangria, que investiga a compra de respiradores.
A segunda fase da operação apura uma organização criminosa instalada no governo do Estado do Amazonas que visa desviar recursos públicos que seriam destinados às demandas da pandemia de covid-19. Além do vice-governador, Carlos Alberto (PTB), está entre os alvos de buscas o homem de confiança do governador Wilson Lima (PSC).
Segundo as investigações, esse homem teria sido destacado pessoalmente pelo governador para intermediar as aquisições fraudulentas de respiradores e financiá-las, tendo sido responsável por indicar a loja de vinhos que vendeu os aparelhos ao estado.
Os investigados, que tiveram bens e valores sequestrados, são suspeitos de práticas como peculato, lavagem de dinheiro e também de promover a dispensa de licitação fora das hipóteses previstas em lei. Foi determinada também ordens de prisão temporária por cinco dias.
O despacho foi feito pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e requeridas pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.
O STJ vai manter em sigilo o nome dos investigados que não têm foro por prerrogativa de função, assim como os autos desta segunda fase da operação.
Provas apontam vice-governador diretamente no esquema
Vice-governador do Estado do Amazonas, Carlos Alberto (PTB), é um dos alvos da operação. Foto: Secom/Governo do Amazonas
Provas da primeira fase da operação apontam que o governador do Amazonas, Wilson Lima, exercia os atos relativos à compra de respiradores para enfrentamento da pandemia, bem como das demais ações governamentais relacionadas à questão, nas quais atos ilícitos teriam sido praticados.
Já o vice-governador tinha influência na gestão da Secretaria de Saúde, pasta na qual atuou durante os três primeiros meses de governo. As provas apontam que a cúpula da Secretaria de Saúde se reportava ao vice-governador para tratar de contratos da área de saúde, inclusive sobre pagamentos.
'Uma verdadeira organização criminosa no governo do Amazonas'
No pedido ao STJ, a subprocuradora-geral da República indica que o inquérito em curso investiga o direcionamento na contratação da empresa, além do sobrepreço e superfaturamento na aquisição dos respiradores, formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, montagem de processos e adulteração de documentos, com a finalidade de encobrir os crimes praticados.
"Uma verdadeira organização criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de covid-19", explica Lindôra.
Esquema envolve cúpula do Estado e adega de vinhos
O esquema de compra de 28 respiradores teria movimentado R$ 2,9 milhões, com envolvimento direto da cúpula do poder do estado. Um laudo pericial da Polícia Federal confirma sobrepreço de 133,67% na compra feita pela Secretaria de Saúde do estado com dispensa de licitação.
Os respiradores foram fornecidos por uma adega chamada "Vineria Adega". Por meio do esquema de triangulação, uma outra empresa vendeu os respiradores à adega por R$ 2,4 milhões. A adega repassou os equipamentos ao governo do Amazonas por R$ 2,9 milhões.
A CGU apontou a suspeita de superfaturamento de R$ 496 mil, bem como o esquema de direcionamento da venda.
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