Bahia chega a 32 mortes em confrontos com PMs
Governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirma que "eventuais excessos" na ação policial serão apurados
Henrique Bolgue
A violência na Bahia não dá trégua. Subiu para 32 o número de mortos em confrontos com policiais no estado nos últimos 11 dias. As mortes ocorreram em confrontos com a Polícia Militar nos municípios de Salvador, Camaçari e Itatim. O elevado número fez com que o Ministério Público da Bahia iniciasse uma investigação. Os casos também são acompanhados pelo Ministério dos Direitos Humanos do governo federal.
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Os últimos óbitos foram registrados nesta 2ª feira (7.ago), quando dois homens morreram após troca de tiros com policiais no bairro de São Marcos, em Salvador.
O que diz o governador?
No domingo (6.ago), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmou que os casos estão sendo apurados.
O nosso compromisso é na apuração de casos de eventual excesso por parte de qualquer servidor, qualificação permanente da atuação policial para garantir mais eficiência na ação, respeito à legislação e preservação da vida.
? Jerônimo Rodrigues (@Jeronimoba13) August 7, 2023
O que diz o ministro Silvio Almeida?
No sábado (5.ago), o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, havia acionado a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos devido ao elavado número de mortes.
"Intervenções policiais que resultam em números expressivos de mortes não são compatíveis com um país que se pretende democrático e em consonância com os Direitos Humanos", disse o ministro em nota.
O secretário de Segurança Pública do estado, Marcelo Werner, falou que respeita a posição do ministro, mas destacou que a dinâmica das organizações criminosas é "beligerante" e ressaltou a apreensão de armamentos pesados por parte da polícia. No começo desta ano, Werner prometeu instalar câmeras nos uniformes dos policiais, mas a medida ainda não foi implementada.
Violência na Bahia
O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, pela primeira vez, a polícia da Bahia apareceu como a que mais matou pessoas em intervenções, tomando o lugar que em levantamentos anteriores sempre foi do Rio de Janeiro.
As polícias da Bahia mataram 1.464 pessoas em intervenções em 2022, o que representa 22,7% do total das 6.430 mortes das polícias no ano passado. O estado não informa número de policiais mortos em confronto.
Em nota, o governo da Bahia disse que as pessoas mortas em confrontos com os agentes são "homicidas, traficantes, estupradores, assaltantes, entre outros criminosos".
A Bahia é o estado com mais mortes violentas em número absoluto, com 6659 mortes em 2022. Proporcionalmente, o estado foi o segundo com mais mortes, registrando 47,1 mortes por 100 mil. O primeiro foi o Amapá, com 50,6 por 100 mil. A média nacional está muito abaixo: 23,4 por 100 mil habitantes.
O anúario também mostrou que, em 2022, a Bahia tem as quatros cidades mais violentas do Brasil:
Município - Taxa de Mortes Violentas Intencionais (2022)
- Jequié (BA) - 88,8
- Santo Antônio de Jesus (BA) - 88,3
- Simões Filho (BA) - 87,4
- Camaçari (BA) - 82,1
Mortes por policiais
A violência em confrontos com policiais está na pauta nacional, após a morte de mais de 16 pessoas no Guarujá, litoral de São Paulo. Grande parte das mortes ocorreram após a morte de um policial do batalhão especial da Rota. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que "não houve excesso" nas ações, mas a Defensoria Pública do estado investiga denúncias de torturas e abuso de poder no que seria uma possível retaliação dos policiais à morte do companheiro de farda.