SP: Polícia indicia donos de escola infantil pelo crime de tortura
Pena máxima chega a 96 anos de prisão. Casal permaneceu em silêncio durante interrogatório desta 3ª feira
SBT News
A Polícia de São Paulo indiciou, nesta 3ª feira (04.jul), os donos da escola infantil Pequiá pelo crime de tortura. Ao todo, foram 9 denúncias, uma para cada criança vítima da violência.
Segundo os investigadores, o material apreendido na creche e na casa dos acusados já começou a ser analisado, porém, peritos encontraram algumas dificuldades. "O DVR , que é o setor das imagens, está semi-destruído, então, não vai ter nada que eu possa analisar", indica o delegado responsável pelo caso, Fabio Daré.
Mesmo assim, para a polícia, os elementos do inquérito não deixam dúvidas: o casal praticou tortura contra os alunos. A pena prevista para o crime pode chegar a 8 anos de prisão, mas, por se tratar de crianças, se multiplica. Se condenados, a pena máxima chega a 96 anos de cadeia.
Eduardo Mori Kawano e a esposa dele, Andrea Alves Moreira, foram ouvidos, pela primeira vez, nesta 3ª feira, porém, permaneceram em silêncio. A orientação dos advogados de defesa foi de que eles se manifestassem apenas em juízo.
"Não é uma estratégia, é um caminho, o qual a gente tem que tomar, até para preservar o contexto processual. Andrea está emocionalmente abalada, chora o tempo todo, e ela não tem condições de depor, neste momento, e, por isso, eu optei pelo silêncio", explica a advogada do casal, Sandra Pinheiro de Freitas.
De acordo com a defensora, o casal nega as acusações. "Eles não reconhecem as acusações em si. Os depoimentos que foram trazidos, eles não reconhecem, aqueles fatos não aconteceram", alega a advogada.
Vídeos gravados por uma professora, dentro da escola, localizada no bairro do Cambuci, zona sul da capital paulista, mostra quando Andrea chuta uma bebê de 1 ano e meio e a obriga a guardar os brinquedos. Ela ainda bate com o braço da menina, que não para de chorar. Em outro registro, um menino aparece amarrado a um poste.
O casal está preso, temporariamente, desde 29 de junho. A polícia deve encaminhar a conclusão do inquérito ao Ministério Público, na semana que vem, e pedir a conversão da prisão temporária em preventiva, sem prazo para terminar.
"Para mim, ficou muito claro, pelas oitivas, pelas testemunhas, principalmente pelas imagens, que são os dois. Se você ler os relatos das crianças, você vê que as crianças mudaram o comportamento para comer, para dormir, a relação com os pais mudou completamente, e os pais não entendiam", conclui o delegado Fabio Daré.