"Lula deve ter comunicação mais próxima dos brasileiros", diz Janones
Para o deputado, não há como comparar atuação de Lula e Bolsonaro nas redes sociais
Milena Teixeira
Coordenador das redes sociais do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o período da campanha, o deputado federal André Janones (Avante-MG) avalia que a comunicação do próximo governo federal não poderá ser excludente.
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O deputado federal reeleito, André Janones, foi o convidado do programa "Perpectivas", do SBT News. Na conversa desta 5ª feira (15.dez) com a jornalista Débora Bergamasco, o parlamentar falou sobre os desafios que a gestão do petista terá com os meios digitais.
Para Janones, Lula deverá ter uma comunicação moderna e mais próxima dos brasileiros. "Um pilar da atual comunicação é o intimismo. As pessoas querem saber, cada vez mais, da sua intimidade", disse. Outra questão apontada pelo também influenciador digital é a "constância" da comunicação nas redes.
"A extrema direita inaugurou um modelo de comunicação que é não descer do palanque. O exemplo do presidente Bolsonaro: ele assumiu em 2019 e continua fazendo campanha até agora. É necessária a constância da comunicação, comunicar o tempo todo. Esse é o formato", afirmou.
Na avaliação de Janones, as redes sociais foram meios importantes para a vitória de Lula. Ele afirma ainda que não foi só o Partido dos Trabalhadores que compreendeu tardiamente as estratégias de ataque do bolsonarismo na internet.
"A gente sempre coloca que o PT não soube responder ao bolsonarismo na mesma moeda. Não soube debater no mesmo nível do bolsonarismo nas redes. Não foi só o PT que não compreendeu o bolsonarismo. Na verdade, ninguém soube", declarou.
Ainda segundo o político, não há como comparar a atuação de Bolsonaro e Lula nas redes sociais por causa das carreiras dos políticos.
"Sabemos que não é o presidente Jair Bolsonaro que cuida das redes dele. É o filho Carlos, que é da mesma geração que eu. O Lula não vai fazer o mesmo. Ele não vai terceirizar isso. Ele participa mais. Não dá para comparar também a nível de trajetória. No caso do presidente Jair Bolsonaro, há uma responsabilidade menor com o país, com a democracia. No caso do Lula, é diferente. Ele já foi duas vezes presidente da República e é um dos maiores líderes populares do país", declarou.
Qual é o limite da "guerrilha" da comunicação?
Durante a entrevista, Janones disse que assumiu riscos de perder as próprias redes sociais na campanha pela defesa da democracia brasileira. Ele diz que era preciso dar respostas aos movimentos antidemocráticos e pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu assumi todo e qualquer risco porque para mim o que estava em jogo era a democracia do nosso país. A gente não teve uma eleição esse ano, a gente teve um plebiscito", disse.
O deputado, no entanto, fala que sempre agiu com "limites", diferente dos adversários. "É uma luta inglória porque nós temos que enfrentar adversários que não têm escrúpulos. Nós temos escrúpulos, temos limites. Eu sabia onde esse paralelo estava traçado durante a campanha", contou.
O deputado federal reeleito, que está escrevendo um livro sobre os bastidores da campanha do presidente eleito, afirma que seu limite na campanha foi não mentir.
"Do ponto de vista técnico, o paralelo é não mentir. Eu confesso que -- e eu não tenho nenhum problema em dizer -- deixei algumas informações vagas na campanha, que podem ter dado margem à desinformação. O que é diferente de desenformar, de mentir. Do ponto de vista técnico, eu nunca divulguei uma fake news", declarou. Assista a entrevista com o deputado federal André Janones, do Avante de Minas Gerais.