Mulher negra que foi espancada por vizinhas presta depoimento em Natal
Polícia vai investigar conduta de PMs que não prenderam agressoras em flagrante
Ranilson Oliveira
A mulher que foi espancada por vizinhas no elevador de um condomínio, em Natal, no Rio Grande do Norte, prestou depoimento nesta 6ª feira (9.dez).
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A gerente de vendas Flávia Carvalho, de 36 anos, ainda não voltou com as duas filhas para o condomínio onde moram, na zona sul de Natal. Na 4ª feira (7.dez) pela manhã, Flávia foi espancada por duas vizinhas, na porta do elevador. A vítima disse que, durante as agressões, as mulheres ainda a ofenderam com expressões racistas.
"Diziam que eu tinha que aprender a respeitar, que eu não merecia morar ali, que uma preta nojenta como eu não precisava estar naquele lugar, não merecia estar naquele lugar", conta Flávia.
As agressoras já haviam feito reclamações na administração do condomínio por um suposto barulho vindo do apartamento de Flávia. "Nunca aconteceu, nunca conseguiu provar, inclusive já convidei ela e a síndica pra entrarem na minha casa e verem que não tem obra, nem nada que produza esse barulho forte que só ela escuta em todo o condomínio", diz a vítima.
No dia anterior às agressões, Flávia chegou a registrar um boletim de ocorrência contra as vizinhas por ameaça. Em um vídeo, uma delas aparece xingando a gerente de vendas: "você não é bem-vinda por nós aqui. Mas você se deu mal, viu? Você agora aqui não ouse ser atrevida". As agressoras são a médica Suedja Márcia dos Santos, de 42 anos, e a mãe dela, Regina dos Santos Araújo, de 63.
A delegada responsável pelo caso também vai investigar a conduta dos policiais militares que atenderam a ocorrência. Isso porque as agressoras deveriam ter sido presas em flagrante, mas sequer foram levadas à delegacia.
"Quem esteve no local foi uma guarnição da Polícia Militar, e eu não entendi o motivo pelo qual elas não foram presas, já que estavam em flagrante delito. a situação que me foi relatada é que após as agressões, as agressoras se refugiaram na casa delas, mas elas continuavam em flagrante delito", diz a delegada Karen Lopes.
A Polícia Militar não se pronunciou. As mulheres -- que disseram não ter o que explicar à imprensa -- serão intimadas na semana que vem. Elas devem responder por injúria racial e lesão corporal.
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