Mortalidade materna foi 70% maior em 15 meses de pandemia, diz Fiocruz
Entidade aponta para desigualdade e atraso na inclusão de gestantes e puérperas no plano de vacinação
Camila Stucaluc
Um estudo liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou para o aumento de 70% no número de mortes maternas durante os primeiros 15 meses da pandemia de covid-19. Segundo os dados, no período, houve 3.291 mortes de mães no Brasil, sendo 1.353 óbitos além do esperado.
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A região Norte, uma das mais vulneráveis do país, foi a única onde o excesso de mortes maternas ficou na faixa dos 37 a 49 anos de idade. O mesmo aconteceu na região Sul durante o trimestre de março a maio de 2021, período em que foi registrado a marca de 375% na mortalidade materna excedente.
"A elevada carga de mortes maternas observada no Brasil, além de refletir mortes plenamente evitáveis, dada a deterioração do acesso oportuno aos serviços de saúde e da qualidade dos serviços prestados às gestantes e puérperas, sugere o aprofundamento de desigualdades sociais e regionais", explica o epidemiologista Jesem Orellana.
O estudo também sugere que o atraso na inclusão de gestantes e puérperas entre os grupos prioritários à vacinação, em meados de maio de 2021, pode ter contribuído ao alto número de óbitos maternos evitáveis. Para Orellana, o cenário evidencia a urgência do aperfeiçoamento das políticas de saúde materno-infantil durante crises sanitárias.
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"O padrão geral de excesso de mortes maternas reforça ainda o dramático desenvolvimento da epidemia no Brasil. Isso compromete os esforços de anos anteriores do país para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais visavam reduzir ainda mais a mortalidade materna e garantir o acesso universal e de qualidade à saúde e reprodutiva para as mulheres até 2030", conclui o epidemiologista.