Investigação da PF descarta mandante em crime no AM
Polícia diz que assassinos de Bruno e Dom Phillips "agiram sozinhos" e afasta elo com o crime organizado
As investigações da Polícia Federal sobre o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, no Amazonas, apontam que os executores teriam "agido sozinhos, não havendo mandante", nem relação do crime com narcotraficantes ou outra organização criminosa.
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Em nota divulgada nesta 6ª-feira (17.jun), a PF informa "que as investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa". "Com o avanço das diligências, novas prisões poderão."
Na nota, a PF afirma que "as investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito".
As buscas e apurações continuam na região de Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas, numa das entradas da Terra Indígena Vale do Javari. A embarcação que era usada por Bruno e Phillips ainda não foi retirada do fundo do rio e ainda se busca por mais criminosos e pistas que confirmem ou confronte com a versão contada pelos dois pescadores presos, os irmãos Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, e Oseney Oliveira, o Dos Santos.
Os dois confessaram o assassino do indigenista e do jornalista. Eles afirmaram à polícia que as vítimas foram emboscadas e mortas a tiros. Os irmãos disseram terem ajudado a ocultar os corpos, esquartejado e enterrado os restos mortais - que foram localizados na 4ª-feira (15.jun).
Pelado foi preso na 3ª-feira (7.jun), e negou inicialmente o crime. Dos Santos foi detido na 4ª-feira (15.jun). Os dois levaram a PF aos corpos e o local do crime.
Bruno tinha 41 anos, e Dom Phillips, 57. Eles desapareceram no domingo (6.jun), no último dia da incursão pela região do Vale do Javari. O jornalista inglês pesquisava para o livro que escrevia sobre iniciativas positivas dos indígenas e ribeirinhos na Amazônia. Ele visitou um projeto da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), de fiscalização da floresta contra a ação dos invasores.
Pelado, que atua na pesca ilegal de pirarucu na região, segundo as apurações, foi alvo da Equipe de Vigilância Indigena e teria decidido se vingar de Bruno, com a ajuda de pelo menos outros quatro comparsas - além de Dos Santos, outros três alvos são procurados.
Investigações
As investigações da PF sobre os motivos do crime e a real autoria prosseguem. O envolvimento do crime organizado e a existência de um mandante, descartada em nota, foi uma das linhas de apuração inicial. A região de Atalaia do Norte, onde os dois morreram, fica na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia. Os rios da região são usados por traficantes de armas, drogas e por contrabandistas.
Um dos esquemas que chegou a ser investigado pela PF liga um traficante, conhecido como "Colômbia", que tem nacionalidade peruana e brasileira, com o crime. O esquema envolveria a lavagem de dinheiro do tráfico e os negócios de pesca e venda ilegais de peixes da região.
Os restos mortais de Bruno e Dom Phillips chegaram na noite de ontem à Brasília. Hoje começaram os exames no Instituto Nacional de Criminalística (INC), na Superintendência da PF no Distrito Federal. Os laudos vão comprovar se os corpos são mesmo das vítimas e indicar tecnicamente dados sobre como ocorreu e quando aconteceu o crime.
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