Agentes públicos presos em operação no RJ eram bancados por milícia
Troca de mensagens em um dos celulares apreendidos na operação Heron revelou o esquema
Uma troca de mensagens entre celulares apreendidos na Operação Heron mostra que agentes públicos do Rio de Janeiro eram bancados pela milícia. De acordo com as investigações, o áudio teria sido encaminhado por um intermediário do miliciano Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça ou Pqd, a um sargento identificado como Oliveira, do Grupamento de Ações Táticas do 27º Batalhão da Policia Militar em Santa Cruz.
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Na gravação, o miliciano menciona que o sargento e os amigos do batalhão podiam almoçar em uma churrascaria do bairro, tudo bancado pelo grupo criminoso. Mas justifica que os gastos estavam gerando reclamação, e, por isso, o "rodiziozinho" estava liberado apenas às 2as feiras. A churrascaria fica às margens da Avenida Brasil, em Campo Grande, e agora também é alvo das investigações da força-tarefa que apura qual a relação dela com a milícia.
Nove agentes do estado, sendo três PMs e seis agentes penitenciários, foram presos na operação conjunta do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro e da Polícia Civil que desarticulou uma rede de servidores públicos ligados à maior milícia do estado. Segundo as investigações, os envolvidos fazem parte da organização criminosa que já foi chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em confronto com a Polícia Civil em junho do ano passado. Hoje ela é comandada pelo o irmão dele, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho.
Um dos agentes penitenciários detidos na operação, André Guedes Benício Batalha, o Gue, é marido da delegada Ana Lúcia da Costa Barros que também foi alvo de um mandado de busca e apreensão. O casal é sócio em duas empresas em áreas de milícia na zona oeste do Rio. Pela razão social, ambas trabalham com remoção de resíduo metálico, inclusive sucatas, o que pode configurar um ferro velho.
Dez dias depois da operação, a delegada foi afastada do cargo por determinação da Justiça. Ela também teve o porte de arma suspenso, assim como o login e a senha dos sistemas da Polícia Civil a que tinha acesso. A força-tarefa investiga se a delegada acessava o banco de dados da polícia para ajudar milicianos. Isso porque, de acordo com os investigadores, a senha dela foi usada para checar detalhes de uma placa de carro a mando do miliciano Garça.
Ainda conforme a investigação, os agentes públicos eram responsáveis pelo repasse de informações privilegiadas aos integrantes da organização criminosa. Os chefes da milícia sabiam até informações sobre investigações em andamento, e atuavam em Campo Grande e Santa Cruz.