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Otan: adesão de Finlândia e Suécia deixa fronteira russa mais vulnerável

Rússia iniciou guerra sob discurso de proteger fronteiras e agora assiste à expansão da Otan

Otan: adesão de Finlândia e Suécia deixa fronteira russa mais vulnerável
Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, com representantes da Suécia e Finlândia
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Ao invadir a Ucrânia, a Rússia tinha alguns objetivos principais: barrar uma possível adesão do país vizinho à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o reconhecimento das regiões separatistas de Donbass, e estabelecer um corredor terrestre para conectar a Rússia à Crimeia, península que anexou em 2014 . Prestes a completar três meses de guerra, Moscou parece estar longe de seus objetivos.

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Ainda que tenha conquistado Kherson, no sul da Ucrânia, e esteja próxima de conseguir a cidade portuária de Mariupol, a invasão russa gerou uma resposta mundial bastante custosa ao Kremlin. Alvo de sanções econômicas, Putin também assiste ao fortalecimento da aliança militar intergovernamental, e o alinhamento de países próximos de sua fronteira com o Ocidente, como Suécia e Finlândia, que romperam com décadas de neutralidade. 

Se a aliança militar intercontinental de 30 países concordar com a adesão dos países nórdicos, a Rússia terá suas fronteiras ainda mais desguarnecidas, como explica o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

"O principal motivo pelo qual a Rússia invadiu a Ucrânia era uma busca por fronteiras mais seguras. O que está acontecendo, e é preciso entender isso, é que os países da Otan tinham com a Rússia uma fronteira terrestre de 1.200 km, compostas pelas três repúblicas bálticas -- Letônia, Lituânia e Estônia --, mais um pedacinho da Noruega, e uma parte maior, de uns 200 km, com a Polônia, então era 1.200 km, só que, a fronteira, só a fronteira da Finlândia com a Rússia dobra isso para mais 1.300 km. Então, a Rússia fica numa situação difícil em relação à sua proteção, porque a Otan vai ficar muito mais próxima com essas fronteiras do que estava antes da guerra com a Ucrânia."

Em um revés não antecipado por Moscou, a invasão russa à Ucrânia acabou por fortalecer a aliança militar. Se aceitas, a adesão da Finlândia e Suécia representaria a expansão mais significativa da Otan em décadas.

O Kremlin sabe disso e já avisou que sua resposta será proporcional à ameaça. Na 6ª feira (20.mai), em entrevista à agência de notícias russa Interfax, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que o pedido de adesão da Suécia e da Finlândia na 4ª feira (18.mai) levou a um aumento nas ameaças militares perto da fronteira, e por isso a Rússia formaria 12 novas unidades militares no distrito militar ocidental.

"A tensão continua a crescer na zona de responsabilidade do Distrito Militar Ocidental. Estamos tomando as contramedidas adequadas", disse Shoigu.

Turquia

A adesão, no entanto, enfrenta a resistência da Turquia. O país afirmou mais de uma vez que não permitirá o ingresso dos países na aliança. E sem o voto do país euro-asiático, as discussões voltam à estaca zero.  

"A Turquia percebe que a Suécia dá guarida, dá acolhimento, dá asilo a opositores do governo turco. Então, considera que a Suécia está acolhendo inimigos da Turquia. É possível, sim, que a Turquia negue. E, neste caso, tudo volta ao que era antes, à estaca zero. Nem a Finlândia nem a Suécia podem entrar na Otan com o voto contrário de qualquer um dos seus membros. Basta um deles. Neste caso a Turquia", explicou o especialista. 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa a Suécia de ter negado a extradição de 30 membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo que trava uma insurgência contra a Turquia desde 1984, em um conflito que já deixou dezenas de milhares de mortos. "A expansão da Otan só é significativa para nós na proporção do respeito que será demonstrado às nossas sensibilidades", afirmou o chefe de Estado em discurso aos legisladores de seu partido governista AK, na 4ª feira (18.mai).

Estados Unidos, União Europeia, e o secretário-geral da Otan, entretanto, apoiaram a candidatura dos países e afirmam que vão se esforçar para acelerar o processo de adesão.

O professor alerta que o aval turco deve acontecer somente após negociações e possíveis concessões, que podem custar caro à Suécia. "A Turquia vai cobrar muito caro para mudar de ideia. Vai querer que os opositores que a Suécia acolheu sejam devolvidos à Turquia, e aí a Suécia vai ficar numa situação muito chata."

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