Como a letra Z virou símbolo pró-Rússia na Guerra da Ucrânia
Ginasta russo virou alvo de processo após exibir letra no uniforme em Copa do Mundo de Ginástica Artística
Ivan Kuliak, ginasta russo, causou indignação ao subir ao pódio da Copa do Mundo de Ginástica Artística, em Doha, com um 'Z', feito de esparadrapos, grudado ao peito, no último sábado (5.mar). A ação foi condenada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), que pediu a abertura de um processo disciplinar contra o atleta, "após o seu comportamento chocante".
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A letra, que não faz parte do alfabeto cirílico usado pelos russos, virou um símbolo pró-guerra e passou a ser utilizado por apoiadores do presidente Vladimir Putin. Serviços oficiais e ministérios do governo russo também aderiram ao movimento, em seu Telegram, o Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Comunicações de Massa adicionou o 'Z' a sigla do departamento.
Maria Butina, ativista política e suposta agente russa que passou 18 meses presa nos Estados Unidos em 2019, e hoje é parte do Parlamento da Rússia também demonstrou suporte ao atual conflito em um vídeo onde desenha a letra Z em seu blazer. Em outra publicação, Butina parabeniza cadetes da Escola de Polícia e Bombeiros da cidade russa de Kirov que formaram um "Z" humano em apoio ao exército e Vladmir Putin. "-15 graus não é um obstáculo para nós", escreveu a parlamentar.
Inicialmente, as letras 'Z' e 'V' passaram a ser vistas em tanques e veículos bélicos utilizados pelo governo russo na Ucrânia. Não se sabe, no entanto, o real significado dos símbolos. O Ministério da Defesa da Rússia, entretanto, tem usado ambas as letras para compartilhar diversas hashtags nas redes sociais. Em tradução literal, elas variam entre "#Para a Vitória", "#Desmilitarização"; "#Desnazificação"; #Vitória.
Em uma das publicações, a pasta também compartilhou a mensagem: "Eles protegem você e o mundo. Vamos apoiar nosso exército. Eles vão ouvir!".
Em 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, no que classificou de "operação militar especial". Desde então, o conflito já causou a morte de centenas de civis, e o deslocamento de mais de 2 milhões de ucranianos para países vizinhos.