Europa acabará se usina nuclear atacada por russos explodir, diz Ucrânia
Presidente do país conversou com líderes de outras nações sobre a situação da usina
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez nesta 5ª feira (3.mar) -- GMT-3 -- um apelo a todas as pessoas que conhecem o acidente nuclear de Chernobyl, o maior da história, a alertarem seus políticos sobre o incêndio provocado por ataque russo à usina nuclear de Zaporizhzhia - a maior europeia. De acordo com ele, em caso de explosão do local, a Europa acabará, ou seja, todo o continente precisará ser evacuado.
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O pedido e a afirmação foram feitos em vídeo enviado por Zelensky em seu canal no Telegram. Ainda na gravação, ele pontuou que "tanques russos estão atirando nas unidades nucleares". "Esses tanques são equipados com termovisores. Eles sabem onde estão atirando e se prepararam para isso", completou. O líder ucraniano acusou a Rússia de querer repetir o acidente de Chernobyl e de ser o primeiro país "terrorista" da história a recorrer ao "terror nuclear".
Em suas palavras, "os propagandistas russos ameaçaram, como lembrando, cobrir o mundo com cinzas nucleares". "Isso não é mais ameaça. Isso é a realidade. Não sabemos se o fogo na usina será controlado, se não haverá uma explosão ou, que Deus não permita, haverá. Ninguém pode dizer com certeza, mas nossos homens sempre mantiveram a central segura para evitar provocações, para evitar qualquer um de entrar nela, capturá-la, dominá-la e chantagear o mundo com uma catástrofe nuclear mundial".
Ainda segundo Zelensky, um eventual acidente a partir da Zaporizhzhia seria seis vezes maior que o de Chernobyl e "só a ação imediata da Europa pode parar o exército russo". Ele afirmou ter conversado com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o premiê britânico, Boris Johson, e o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Rafael Grossi, sobre o ataque à usina de Zaporizhzhia.
Pelo Twitter, a Casa Branca disse que Biden "se juntou ao presidente Zelensky para pedir à Rússia que cesse suas atividades militares na área e permita que bombeiros e equipes de emergência acessem o local". Ainda segundo a publicação, Biden conversou nesta noite com o subsecretário de Segurança Nuclear do Departamento de Energia dos EUA e administrador da Administração Nacional de Segurança Nuclear para saber sobre a situação da usina na Ucrânia.
A secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, por sua vez, declarou ter falado com o ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, sobre a situação na usina e classificou como "imprudentes" as operações militares russas próximo ao local. De acordo com Granholm, elas precisam terminar. "O Departamento de Energia ativou sua Equipe de Resposta a Incidentes Nucleares e está monitorando os eventos em consulta com o Departamento de Defesa, Comissão Reguladora Nuclear dos EUA e Casa Branca. Não vimos leituras de radiação elevadas perto da instalação. Os reatores da usina são protegidos por estruturas de contenção robustas e os reatores estão sendo desligados com segurança".
Em entrevista à CNN, Andrii Tuz, porta-voz da Zaporizhzhia, afirmou não ter sido provocado dano crítico à usina, mas somente uma das seis unidades de geração de energia está operando. Segundo ele, ao menos uma unidade foi atingida no ataque russo e "muitos equipamentos técnicos foram atingidos". Por outro lado, pontuou, as tropas ucranianas mantém o controle das instalações.
O premiê britânico se referiu à situação do local como "gravemente preocupante" e afirmou: "A Rússia deve cessar imediatamente seu ataque à usina e permitir acesso irrestrito para serviços de emergência a ela". Já Rafael Grossi disse, no Twitter, estar "profundamente preocupado com a situação" da Zaporizhzhia. Na publicação, acrescentou: "Aiea está em contato próximo com o regulador e operador nuclear da Ucrânia. Apelo às partes para que se abstenham de ações que possam colocar as centrais nucleares em perigo".
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