"Vírus é letal e, sem vacina, pode levar à morte", diz especialista
Membro da Academia Americana de Pediatria afirma que vacinação pode separar a população da doença grave
Drielly Peniche
Apesar do avanço mundial da vacinação e o início da imunização para o público infantil, as novas variantes alavancaram o número de diagnósticos de covid-19. Diante dos últimos dados da doença e aumento de casos entre o público infantil neste ano, o SBT News conversou com o doutor Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista membro da Academia Americana de Pediatria. Para ele, o vírus é potencialmente letal e, sem vacina, pode causar morte independentemente da idade.
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A vacina para quem tem de 5 a 12 anos chegou após 1 ano do início da imunização de jovens e adultos. Na visão do doutor Nelson Ejzenbaum, "deixar as crianças por último pode, realmente, ter aumentado a velocidade de contágios, mas a medida está correta visto que há um maior número de mortes em idosos, pessoas mais velhas, jovens e por último as crianças".
Mesmo com a baixa probabilidade de óbito entre o público infantil, o último boletim epidemiológico com registros por faixa etária divulgado pelo ministério da Saúde pontua o total de 87 casos em decorrência da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica relacionada à covid-19. No início de fevereiro, a prefeitura de Extrema, em Minas Gerais, usou as redes sociais para lamentar a morte de uma criança de seis anos em decorrência da covid e suas complicações.
Crianças infectadas pelo novo coronavírus podem, sim, desenvolver a síndrome inflamatória multissistêmica - manifestação tardia da infecção -, causando cardiopatia, lesões neurológicas, na pele, entre outros sintomas. O neonatologista Ejzenbaum ressalta, porém, que o quadro não é comum, mas pode ocorrer.
Esse não foi o primeiro registro de morte de bebê ou criança por covid-19 em território nacional, no entanto, o crescimento entre o público é notável. Nos últimos dias, o óbito de bebês diagnosticados com a doença foi registrado em Belo Horizonte, Distrito Federal, Maranhão e Rio de Janeiro. De acordo com informações do boletim epidemiológico da prefeitura de Belo Horizonte, no dia 04 de fevereiro um bebê com menos de um ano de idade morreu por causa da doença.
"A vacina é extremamente importante, é a única coisa que nos separa da doença. As crianças morrem menos e têm menos possibilidade de doença grave, mas morrem e têm doença grave. Ou seja, mesmo sendo menos, pode acontecer. Se houver uma vacinação em massa das crianças, teremos redução no número de casos, mas para que isso ocorra precisamos ter uma maior elucidação do que a vacina é. Muitos pais não estão vacinando os filhos por falta de informação ou por informações inadequadas ou erradas", declarou o especialista sobre a importância da vacinação.
Vacinação infantil
No fim de janeiro, os estados de São Paulo, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba e Piauí, tornaram obrigatória a apresentação do comprovante vacinal contra a covid-19 em escolas do estado. Mesmo diante da medida, as crianças não serão impedidas de frequentar a rede pública, porém, o Conselho Tutelar, o Ministério Público e as autoridades sanitárias serão notificadas.
Questionado sobre a decisão, o especialista Ejzenbaum destaca a importância da vacinação e comenta que "uma criança não vacinada é um risco potencial para outras crianças, então a medida está correta, afinal a vacina impede e diminui a forma grave, mas não impede em 100% a doença".
Até o momento, o Brasil possui cerca de 9,6 milhões da população infantil, entre 5 e 11 anos de idade, vacinada com a primeira dose do imunizante contra o coronavírus. Ao mesmo tempo, a cobertura vacinal com a primeira dose ultrapassa 93% do público acima de 12 anos, tendo 87% do mesmo público já imunizado também com a segunda dose ou dose única, informou o governo na última semana de fevereiro.
Nesta 5ª feira (03.mar), o Ministério da Saúde iniciou a distribuição de mais de 1,2 milhão de doses pediátricas de vacinas da fabricante Pfizer destinadas à aplicação da segunda dose no público-alvo. O Brasil já recebeu mais de 20 milhões de imunizantes para cobertura vacinal da primeira dose infantil. Outros 1,6 milhão de doses da fabricante Pfizer foram entregues nessa semana e devem ser distribuídas nos próximos dias.