Quase 90% dos médicos se contaminaram ou tiveram conhecidos com covid
Dado leva em conta apenas os últimos dois meses; com aumentos de casos, profissionais se sentem sobrecarregados
SBT News
Pesquisa divulgada nesta 5ª feira (3.fev) pela Associação Médica Brasileira e a Associação Paulista de Medicina apontou que quase nove entre dez médicos (87,4%) contraíram covid-19 ou conhecem colegas que se contaminaram nos últimos dois meses no ambiente de trabalho.
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Mais da metade desses profissionais atuam na linha de frente de hospitais e prontos-socorros que recebem pacientes com covid-19. Cerca de 96% dos médicos notaram uma tendência de alta no número de casos da doença em relação ao último trimestre, e 40% dos profissionais notaram uma alta com relação ao número de mortes.
Oito em cada dez médicos (81,4%) observaram que a ocupação das Unidades de Tratamento Intensiva (UTIs) está menor que nos momentos mais críticos da pandemia em 2021.
Para 44,8% dos entrevistados, faltam médicos, enfermeiros ou outros profissionais da saúde nas unidades ondem trabalham -- um aumento de 12,3% em relação ao ano passado (32,5% em fevereiro de 2021).
Após quase dois anos do início da pandemia, 19,2% dos médicos afirmaram que não há testes disponíveis nas unidades de saúde que atuam. Com o aumento de casos decorrente da variante Ômicron, metade dos profissionais ouvidos na pesquisa se sente esgotada e apreensiva no ambiente de trabalho.
Seis entre dez dizem estar sobrecarregados e estressados, com exaustão física ou emocional, ansiedade e dificuldade para dormir e avaliam que a circulação de informações enganosas também tem interferido no enfrentamento à covid-19.
Mais de 70% dos médicos constataram que pacientes infectados com o novo coronavírus têm apresentado sequelas após a recuperação. Dor de cabeça incessante, fadiga, dores no corpo e perda de olfato e paladar são as mais comuns. Doenças não relacionadas à covid, como câncer, diabetes, problemas cardíacos e hipertensão, têm se agravado em pacientes que deixaram de buscar atendimento com medo de se contaminarem.
Sete em cada dez médicos reprovam a atuação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e a orientação do Ministério à população sobre a importância da vacinação.
O levantamento foi realizado entre os dias 21 e 31 de janeiro de 2022 com 3517 profissionais, sendo 58,4% de homens e 41,6% de mulheres. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
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