"É meu último grito", diz réu no caso da Boate Kiss sobre julgamento
Luciano Bonilha Leão é um dos quatro réus que começam a ser julgados em 1º de dezembro
SBT News
Luciano Bonilha Leão, um dos réus no processo que apura as mortes na Boate Kiss, recebeu o SBT na casa do advogado Jean Severo, em Porto Alegre. A Capital será palco do júri popular previsto para durar até duas semanas e que começa em pouco mais de sete dias. Bonilha diz que era um faz-tudo da Banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate de Santa Maria na noite do dia 27 de janeiro de 2013, durante a festa "Agromerados", organizada por universitários dos cursos de ciências agrárias da universidade federal.
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Ele é acusado de comprar o artefato que foi aceso durante a apresentação da banda e incendiou o teto da danceteria, formado por uma espuma imprópria instalada para evitar a propagação de som, e que soltou fumaça tóxica. O Ministério Público alega que Bonilha era produtor musical da banda e teria responsabilidade no incêndio, por isso foi acusado por 242 mortes e mais de 600 tentativas de homicídio junto aos sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, e o vocalista da Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos. Todos serão julgados ao mesmo tempo por um júri formado por sete pessoas da comunidade, no Foro de Porto Alegre.
"Dia primeiro é meu último grito. É meu último grito. São quase nove anos que venho tentando mostrar quem é o Luciano. Nove anos que peço procure saber quem sou eu. Eu perdi amigos lá dentro. No julgamento da Kiss, não existe vitorioso, ninguém vai sair vitorioso", diz o réu, que tem 44 anos e tornou-se DJ. Ele disse que ajudou a salvar pessoas na boate e negou que escolheu o sinalizador mais barato, como dizem os promotores. Ele também se diz confiante na absolvição.
O SBT entrou na boate. O prédio não foi demolido por determinação da justiça, enquanto o júri não terminar. O cenário pós-incêndio é quase o mesmo, com pedaços de espuma no chão e móveis incendiados, mas parte do teto está desabando pela falta de manutenção e pela fragilidade da estrutura atingida pelas chamas, e o sol insiste em iluminar o interior do edifício. Antes de acessar a boate, a equipe precisou assinar um termo, assumindo o perigo de haver algum abalo na estrutura. A ideia é construir um memorial para as vítimas no terreno da casa noturna, que fica no centro de Santa Maria.
Assista à entrevista: