3ª dose: além de mudanças no cronograma, Saúde altera regras para Janssen
Prefeituras, Ministério da Saúde e Anvisa não estão na mesma página; especialista critica falta de debate
SBT Brasil
A servidora pública Gabrielle Corrêa tentou tomar a dose de reforço contra covid-19 nesta 4ª feira (17.nov), mas não conseguiu. Um dia após o anúncio do Ministério da Saúde de que a terceira dose da vacina pode ser aplicada em todos os brasileiros cinco meses após terem recebido a segunda dose, ela saiu à procura do imunizante, mas não o recebeu por falta de autorização da prefeitura carioca: "Achei que ia chegar aqui e ia conseguir tomar, mas, infelizmente, não consegui".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Segundo as novas regras definidas pelo ministério na 3ª feira, todos os maiores de 18 anos podem receber a nova dose de vacina. A recomendação é que o 3º imunizante seja diferente dos outros recebidos anteriormente. Mas o cronograma pode ser definido por cada município.
A Saúde também definiu mudanças específicas para a vacina da Janssen. Agora, a vacina deixa de ser de dose única e terá uma segunda etapa dois meses após a aplicação da primeira. A medida, no entanto, não é a recomendada pela fabricante da vacina, nem adotada nos Estados Unidos.
A adaptação ocorreu sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisa os pedidos de fabricantes para a aplicação de 3ª dose no país. Também nesta 4ª feira, a agência divulgou ter recebido um pedido da Astrazeneca para dose de reforço.
Doses suficientes
Mais cedo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o governo tem doses suficientes para enviar aos municípios. "Nós temos mais de quinhentos milhões de vacinas para 2022", declarou. Queiroga também disse que a pasta optou por ampliar a imunização pela pasta ter "base científica".
O infectologista Mario Dal Poz, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) criticou a mudança do Ministério sem aval da Anvisa, e questionou a falta de debate com a comunidade científica.
"A ordem natural é que se apresentasse a questão técnica junto à Anvisa, os especialistas discutissem os estudos que mostram qual é a queda da imunidade no tempo que ela vem ocorrendo", pontua.