Covid-19: SP estuda aplicar quarta dose da vacina em transplantados
Atualmente, idosos acima de 90 anos estão recebendo a terceira unidade do imunizante
SBT News
O governo de São Paulo analisa a aplicação de uma quarta dose da vacina contra a covid-19, em pacientes transplantados, segundo anúncio feito nesta 4ª feira (8.set), em coletiva, por integrantes do Comitê Científico estadual. Um estudo feito pelo Executivo paulista com 2 mil transplantados revelou que o índice de soroconversão nessas pessoas, ou seja, a capacidade de o organismo delas desenvolverem anticorpos contra a covid induzido pela primeira dose do imunizante, foi cinco vezes menor que o observado entre profissionais da saúde.
Do total de pacientes acompanhados, 21% tiveram covid-19, disse o doutor José Medina, do Comitê Científico. "E a cada quatro pacientes transplantados que adquirem a covid, um morre. Isso é dez vezes maior que na população geral. Então é uma situação bastante catastrófica. E nós separamos dois grupos para comparar. Pegamos pacientes transplantados, fizemos a primeira dose da vacina, e fizemos a primeira dose da vacina CoronaVac nos funcionários do hospital, que são os funcionários que deveriam receber a vacina na época", completou.
Ainda de acordo com Medina, com a primeira dose da CoronaVac, a soroconversão no organismo dos funcionários ficou em 79%, e no dos transplantados, em 15%. Já com a segunda, o primeiro percentual subiu para 98%, e o outro, para 45%. A terceira dose também já foi aplicada e, no caso do segundo grupo, proporcionou soroconversão de 53%. "Então agora nós estamos até imaginando que o paciente transplantado, aqueles que não responderam, que não tiveram soroconversão, que não produziram anticorpos, eles vão precisar tomar uma quarta dose. Nós estamos aplicando agora a quarta dose no paciente transplantado [no estudo], utilizando a mesma plataforma vacinal, que é a CoronaVac", pontuou o doutor.
Ele descarta, porém, que o problema da soroconversão esteja relacionado ao tipo da vacina utilizada: "Nos pacientes transplantados que receberam a primeira e a segunda dose de outras vacinas, da Pfizer, da AstraZeneca ou da Moderna, a resposta foi tão precária quanto a resposta que foi da CoronaVac na primeira dose, na segunda dose e na terceira dose".
Segundo Eloísa Bonfá, integrante do Comitê Científico e diretora clínica do Hospital das Clínicas (HC), foi demonstrado em diferentes trabalhos da literatura científica que o índice mais baixo está relacionado principalmente "com medicações que impedem a resposta imune". "E com isso nós temos que nos reinventar. Nós precisamos buscar alternativas", acrescentou. A aplicação de uma quinta dose também é uma possibilidade, de acordo com o governo. Atualmente, a terceira unidade da vacina, no estado, está sendo aplicada em pessoas de 90 anos ou mais.
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