Queiroga nega compra de vacina Covaxin pelo governo e abandona entrevista
Imunizante indiano teria sido superfaturado pelo Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello
O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, negou que o Ministério da Saúde tenha comprado doses da Vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat-Biontech. O imunizante ainda não teve uso aprovado no Brasil pela Anvisa e teria custado 1000% a mais aos cofres públicos brasileiros, segundo o Ministério Público Federal. Queiroga rebateu a acusação.
"[Não compramos] nenhuma dose dessa vacina. Todas as vacinas com registro definitivo ou emergencial da Anvisa, o Ministério considera para aquisições. Esperamos esse tipo de posicionamento pra tomar uma posição acerca não só dessa vacina, mas de qualquer outra que obtenha registro emergencial ou definitivo da Anvisa, porque o número de doses de vacinas contratadas está acima de 600 milhões e o Governo tem feito a campanha acelerar. Em setembro já teremos todos vacinados acima de 18 anos com a primeira dose", disse o ministro.
Questionado se o imunizante estava nos planos de aquisição do Ministério da Saúde, Queiroga se irritou e abandonou a entrevista concedida após uma cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quarta (23.jun).
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A polêmica em torno da vacina indiana teve início depois que o Jornal O Estado de S. Paulo revelou trechos de documentos sigilosos do Ministério das Relações Exteriores, em que há a informação, de agosto de 2020, de que cada dose do imunizante custava 100 rúpias, cerca de US$ 1,34. No contrato firmado pelo governo brasileiro, o valor pago foi de US$ 15.
A procuradora Luciana Loureiro, responsável pelas investigações no MPF, afirma que "a omissão de atitudes corretivas da execução do contrato somada ao histórico de irregularidades que pesa sobre os sócios da empresa Precisa e ao preço elevado pago pelas doses contratadas, em comparação com as demais, torna a situação carecedora de apuração aprofundada".
A procuradora se referiu também a uma dívida de quase R$ 20 milhões da Global Saúde, que tem os mesmos sócios da Precisa Medicamentos, com o governo federal. A farmacêutica teria intermediado a compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde, que na época da negociação tinha o General Eduardo Pazuello como ministro.