Pesquisadores da UFMG criam teste que detecta covid-19 pela urina
Valores de especificidade e sensibilidade são melhores que o de outro tipo de exame já aprovado
Uma tecnologia para detectar a presença de anticorpos contra a covid-19 em amostras de urina e, assim, apontar se uma pessoa está ou não infectada pelo novo coronavírus foi patenteada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), segundo comunicado emitido nesta 4ª feira (20.mai). O novo tipo de exame utiliza um método conhecido como ensaio de imunoabsorção por ligação enzimática (Elisa, em inglês) e, de acordo com a instituição de ensino, é mais simples e barato, além de menos invasivo, que aqueles nos quais é utilizado sangue.
A ideia de criá-lo partiu da pesquisadora Fernanda de Melo, pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical (PPG-IMT) da UFMG. "Poucas pessoas acreditam que tenham [anticorpos na urina], mas há relatos para outras doenças", afirma. Ela apresentou essa hipótese para o supervisor, o professor Eduardo Antônio Coelho, e ambos passaram a montar um grupo para desenvolver a tecnologia.
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Agora, a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da universidade negocia com laboratórios das áreas de saúde e biotecnologia, visando a permitir às pessoas terem acesso ao exame rapidamente. "Não há nenhum teste disponível no mercado usando urina dos pacientes, bem como não encontramos nenhum relato na literatura que pudesse indicar o uso da urina para a pesquisa por anticorpos específicos ao vírus causador da covid-19", fala Fernanda.
O motivo provável, segundo ela, é que a existência de anticorpos nesse material biológico foi pouco estudada pelo comunidade científica até o momento. De todo modo, os pesquisadores dizem ter alcançado, na nova tecnologia, valores de especificidade e sensibilidade melhores que o de outro tipo de teste para covid-19, realizado com amostras de soro, já aprovado pela entidade reguladora americana FDA e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); ou seja, tem chance menor de dar um resultado falso-negativo, por exemplo.
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De acordo com a UFMG, o tempo de análise das amostras por meio do exame foi considerado curto, pois levou poucas horas. Refletindo sobre as características dele, Fernanda pontuou: "Muitas pessoas não aceitam puncionar seu sangue por vários motivos, como físicos, psicológicos ou religiosos. Sendo menos invasivo, o teste poderia ser feito em toda a população, o que seria importante para os estudos epidemiológicos e as ações das autoridades governamentais".
Ela diz ainda que, com conservante, a urina "pode ficar por dias fora de uma geladeira comum ou anos dentro dela". A praticidade de coleta das amostras, no caso dessa tecnologia, está relacionada ainda com o fato de o material poder ser obtido em qualquer horário, e o preço, com a capacidade de funcionar sem a necessidade de utilização de agulhas e seringas em qualquer etapa.
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