Questões diplomáticas podem afetar cronograma, diz Butantan
Insumo para produção da CoronaVac ainda não foi liberado pelo governo chinês
O Instituto Butantan afirmou, na noite desta 2ª feira (10.mai), que questões diplomáticas entre China e Brasil podem afetar diretamente o cronograma de vacinação devido à indefinição do governo chinês para liberar o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para a produção da CoronaVac. O diretor do Instituto, Dimas Covas, atribuiu o possível atraso a declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
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Sem usar a palavra China, Bolsonaro insinuou, durante o discurso realizado na última 4ª feira (5.mai), que o novo coronavírus teria sido criado por laboratórios chineses. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano que ingeriu um animal inadequado. Mas está aí". Em seguida, questionou se "não estamos enfrentando uma nova guerra". Horas mais tarde, porém, o presidente negou que tivesse feito referência ao país asiático.
Segundo o Butantan, todos os esforços para a importação dos insumos estão sendo feitos pelo Instituto e pelo Governo do Estado de São Paulo. No entanto, ressaltou que as questões referentes à diplomacia entre ambos países podem afetar diretamente a vacinação no país."O Butantan trabalha diariamente em parceria com a Sinovac para antecipar a entrega de mais insumos, sobretudo no momento de emergência sanitária em que o Brasil se encontra", disse, em nota.
Além da fala de Bolsonaro, no mês passado, sem saber que estava em uma transmissão ao vivo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que "o chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva do que a americana".
Na ocasião, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reagiu e ressaltou que o país asiático "é o principal fornecedor de vacinas e insumos ao Brasil" e que a CoronaVac -- imunizante feito pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac -- "representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil". Guedes pediu desculpas por ter usado uma "imagem infeliz" ao referir-se aos chineses e se disse grato à China por ter disponibilizado o imunizante -- que, aliás, ele recebeu.
Butantan entrega 2 milhões de doses da CoronaVac
No início da manhã, o instituto entregou 2 milhões de doses do imunizante ao Ministério da Saúde. Os lotes fazem parte do segundo contrato do Butantan com a pasta, que prevê 84 milhões de doses de CoronaVac para o Programa Nacional de Imunização (PIN).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou a entrega nas redes sociais. "Entregamos hoje mais 2 milhões de doses da vacina do Butantan para o braço dos brasileiros. Ao todo, mais de 45,1 milhões de doses já foram entregues ao Ministério da Saúde desde janeiro. O Butantan continua ajudando a salvar vidas em todo o Brasil", escreveu.
Entregamos hoje mais 2 milhões de doses da vacina do Butantan para o braço dos brasileiros. Ao todo, mais de 45,1 milhões de doses já foram entregues ao Ministério da Saúde desde janeiro. O Butantan continua ajudando a salvar vidas em todo o Brasil. #VacinaPraTodos pic.twitter.com/ShzLne8BwK
? João Doria (@jdoriajr) May 10, 2021
Leia a íntegra da nota:
"O Instituto Butantan já entregou 45,112 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Nesta segunda-feira (10/5) o Butantan completou mais um lote de 2 milhões de doses entregues à pasta federal. Todas as 46 milhões de doses relativas ao primeiro contrato entre o Butantan e o Ministério da Saúde serão completadas até 12/5.
A responsabilidade pelo planejamento e logística de distribuição das doses, além da orientação técnica aos estados em relação à utilização dos estoques, é exclusiva do Ministério da Saúde.
Todos os esforços para a importação dos insumos estão sendo feitos integralmente pelo Butantan e pelo Governo do Estado de São Paulo. E ressaltamos que questões referentes à relação diplomática entre Brasil e China podem sim afetar diretamente o cronograma de envio de IFA.
O Butantan trabalha diariamente em parceria com a Sinovac para antecipar a entrega de mais insumos, sobretudo no momento de emergência sanitária em que o Brasil se encontra.
Conforme declarou o presidente do Instituto Butantan em coletiva de imprensa em 28/4, para completar o esquema de imunização é fundamental o recebimento da segunda dose mesmo que o intervalo seja superior aos 28 dias indicados na bula da vacina."