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Jornalismo

Baixa imunização atrapalha análise sobre o sucesso da vacinação

Com 2,18% da população totalmente imunizada, Brasil registra recordes no número de mortes e infecções pelo novo coronavírus

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A pandemia tem apresentado recordes diários no número de mortes e infecções por covid-19 no Brasil. Nesta semana, o país ultrapassou duas vezes a casa dos três mil óbitos pela doença e registra 307.112 perdas. Os altos números contrastam com o avanço da imunização: se as pessoas estão sendo vacinadas, por que há aumento no número de óbitos?

Ainda não existe uma resposta concreta sobre os resultados da vacinação no Brasil. O motivo para falta de informação, de acordo com a professora de Imunologia da Universidade de Brasília (UnB) Andrea Maranhão, é associado ao baixo número de doses aplicadas até agora. Na 6ª feira (26.mar), o CoronavírusBot apontava que 2,20% da população estava totalmente imunizada e 7,05% receberam alguma dose de vacina contra o coronavírus. 

"Nosso ritmo está muito lento. A gente já tem alguns dados, mas quando a gente vai ver, a população de fato ainda não foi vacinada. As faixas etárias mudam em cada estado. Então, não tem como ter vacinado 7% da população em uma primeira dose e se mensurar E outra coisa, é a primeira dose. Tem que ter a segunda dose e só 15 dias depois essa pessoa vai ter uma imunidade que se pode medir", afirma.


De acordo com a pesquisadora, a vacinação contra o coronavírus irá de fato apresentar resultados no Brasil quando ao menos 40% da população tiver sido imunizada. Além do aumento de doses, Andrea Maranhão faz um alerta para a necessidade de se ampliar a imunização para controle das variações do coronavírus. "Meu grande receio é que no passo em que a gente está indo, a vacina seja uma que já não funcione para as mutações. Porque o vírus muta, e é proporcional ao grau de circulação", diz.
 

Amazonas


O estado do Amazonas é o que apresenta a maior parte da população vacinada até o momento: 9,81% foram imunizados com alguma dose de vacina. O estado, que passou por um colapso durante a segunda onda da doença, também registra uma redução de 42% na média móvel de mortes por coronavírus entre 14 dias, conforme divulgação da Secretaria de Saúde do estado na 4ª feira (24.mar).

A diminuição, no entanto, não pode ser associada à vacinação pelas outras medidas restritivas que foram adotadas no estado. "Pode ser isso também. Agora, precisaria de mais estudos para dizer que é a vacinação que está resolvendo. Menos de 10% é muito pouco para dizer. Lá estava muito descontrolado, e de certa forma, é possível que a população tenha se sensibilizado mais para usar máscaras e cumprir as medidas sanitárias. São muitos fatores", explica Andrea Maranhão.
 

Outros países


Outros países que estão com um maior número de vacinados registram redução da gravidade da doença, principalmente nos grupos já imunizados.  Os Estados Unidos, por exemplo, divulgaram na 4ª feira (24.mar) que o país registrou diminuição de 85% do número de internações de pessoas com mais de 65 anos. A maior parte desse grupo (70%) já recebeu ao menos uma dose de uma das três vacinas que estão sendo aplicadas no país.

O mesmo ocorre em Israel, que já vacinou mais da metade da população com duas doses de vacina, registra uma queda de 85% nas mortes diárias por coronavírus.
 

Expectativa por aumento da vacina



Ainda não há um cronograma detalhado para vacinação contra o coronavírus. Desde o início do ano, o Ministério da Saúde afirma que toda população será vacinada até o fim do ano. O novo ministro da pasta, Marcelo Queiroga, declarou intenção em imunizar 1 milhão de pessoas por dia.

Duas vacinas produzidas nacionalmente, mas ainda em etapa de testes, foram divulgadas durante a semana como aposta para fornecimento de mais doses contra o coronavírus: a Butanvac, em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, e a Versamune, produzida em parceria com o governo federal. As duas solicitaram autorização para testes clínicos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e aguardam o parecer da agência.
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