Doria: "Não é ideologia, política ou processo eleitoral que salva. É a vacina"
Governador de São Paulo apela ao senso de humanidade de Bolsonaro para que as vacinas sejam distribuídas no país
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Acompanhados de deputados e do senador Randolfe Rodrigues, o governador João Doria (PSDB) afirma que a Coronavac é uma das candidatas a ser uma vacina que possa ser utilizada para vacinação no País. Foto: Governo do Estado de São Paulo
Em discurso no Salão Azul, no Senado Federal, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) respondeu, na manhã desta quarta-feira (21 out.), as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre potencial uso da vacina produzido entre o governo paulista e o laboratório chinês Sinovac. Acompanhado de deputados e do senador Randolfe Rodrigues (Rede) explicou que a questão do coronavírus é atender a demanda por vacinas no País e defendeu a postura tomada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Não há ideologia, não há política, não há processo eleitoral. É a vacina".
Doria começou seu discurso dizendo que participou ontem de reunião conciliatíria com 24 governadores e deputados onde foi definido que a vacina produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, Fiocruz, além de outras vacinas poderão ser utilizadas para vacinar os brasileiros contra o coronavírus, conforme a análise e a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, ele defendeu que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello , tomou decisão correta ao considerar a compra da vacina produzida em parceria pelo Instituto Butantan e pela chinesa Sinovac.
"O Coronavac é a vacina mais promissora para o tratamento. O Butantan é o maior produtor de vacinas da America Latina e com respeito internacional", explica Doria.
O governador defendeu que a produção da vacina, apesar da parceria com outro país, ela tem produção nacional e que o Brasil precisa superar questões políticas. "A nossa posição é que a vacina do Butantan é a vacina do Brasil. Não classificamos vacinas por questões ideológicas, políticas ou partidárias", explica o governador paulista.
Doria lembrou que Eduardo Pazuello tomou decisões republicanas acertadas e baseadas na ciência e que há um entendimento sobre a produção da vacina. "O ministro tem tomado decisões baseado na ciencia e tem agido de forma republicana", diz o tucano.
Ele também resaltou que no começo do ano, o presidente da República sancionou a Lei 13.979, com anuência do ex-ministro Luís Henrique Mandetta, em que prevê a obrigatoriedade da vacina em todo o País.
"Peço compreensão do Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o seu sentimento humanitário para compreender que seu ministro da Saúde agiu corretamente com base na ciência. Não há razão para censurar ou recriminar o ministro da Saúde por ter agido corretamente. Há que aplaudi-lo", conta.
No final do discurso, o tucano apelou novamente ao Bolsonaro para que o país tenha entendimento e que a paz possa chegar ao presidente. "Peço para Jair Bolsonaro que tenha grandeza, para que lidere o Brasil para saúde e a existência, para a retomada da economia. Nossa guerra é contra o vírus, não é na política e não pode e não deve ser contra ninguém. Temos que vencer o vírus e vencer o vírus significa vacinar brasileiros. É o que indica a ciência.", concluiu.
Bolsonaro disse mais cedo que não vai comprar vacina da China
Logo depois do Ministério da Saúde anunciar a intenção de comprar 46 milhões de doses da Coronavac, vacina do laboratório chinês Sinovac Biotech testada no Brasil pelo Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a vacina "não será comprada pelo governo brasileiro". O governador de São Paulo foi à Brasília para se reunir com o ministro da Saúde, porém Pazuello está com suspeita de covid-19 e cancelou todos os seus compromissos.
A vacina desenvolvida pelo laboratório chinês sofre críticas de apoiadores do governo que a relacionam ao regime comunista. Além disso, o imunizante é produzido no Brasil em parceria com São Paulo, do governador João Doria (PSDB), ex-aliado de Bolsonaro e vocal crítico da gestão da crise provocada pela pandemia pelo presidente.
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