Jornalismo
Hospital alemão identificou sinais de envenenamento em opositor russo
Alexei Navalny foi admitido em hospital da Alemanha, no sábado, e está internado em estado grave. Assessores do político apontam o governo russo como responsável pelo caso
SBT News
• Atualizado em
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Testes realizados no opositor do governo de Vladimir Putin, Alexei Navalny, em um hospital na Alemanha, apontaram indícios de envenenamento. Os médicos, porém, afirmam que o político estava sendo tratado com um antídoto e que a vida dele não corre perigo imediato.
O Hospital alemão Charité informou, em comunicado, que a equipe de médicos que examinou Navalny, desde que ele saiu da Sibéria e o admitiu no sábado (22), encontrou indícios de "inibidores de colinesterase" em seu sistema.
A chanceler Angela Merkel, que ofereceu, pessoalmente, a ajuda da Alemanha no tratamento do opositor, disse que, em vista das descobertas e de seu "papel proeminente na oposição política, na Rússia, as autoridades locais são agora chamadas a investigar urgentemente este crime em detalhe e com total transparência". "Os responsáveis devem ser identificados e responsabilizados", completou Merkel.
Os inibidores de colinesterase são uma ampla gama de substâncias encontradas em vários medicamentos, mas também em pesticidas e agentes nervosos. O hospital Charité ressaltou que a substância específica a que Navalny foi exposto ainda não é conhecida. "O paciente está em tratamento intensivo e continua em coma induzido. Embora sua condição seja séria, atualmente não é fatal", concluiu a instituição, em nota.
Os inibidores de colinesterase atuam bloqueando a degradação de uma substância química importante no corpo, a acetilcolina, que transmite sinais entre as células nervosas. O efeito resulta na super estimulação da junção entre os nervos e os músculos. Todos os anos, milhares de pessoas sofrem de envenenamento por inibidores de colinesterase, principalmente, devido à exposição a pesticidas.
Segundo a equipe médica, o político está sendo tratado com o antídoto atropina. "O prognóstico de Alexei Navalny permanece obscuro. A possibilidade de efeitos a longo prazo, particularmente aqueles que afetam o sistema nervoso, não podem ser excluídos", completou.
O hospital acrescentou ainda que tem mantido contato próximo com a esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, que visitou o marido no hospital de Berlim no domingo (23) e na segunda-feira (24).
O caso
Navalny, um político e investigador de corrupção, é um dos maiores críticos do presidente russo Vladimir Putin, e adoeceu na quinta-feira (20) em um voo que partiu da Sibéria em direção a Moscou. Ele foi levado para um hospital na cidade de Omsk, depois que o avião fez um pouso de emergência.
Os apoiadores de Navalny acreditam que o chá, que o político de 44 anos ingeriu antes de embarcar, estava envenenado. O grupo também afirma que o Kremlin é o responsável pela doença e questiona o atraso em transferi-lo para a Alemanha.
As autoridades alemãs enviaram um destacamento especial de agentes federais e policiais da cidade ao hospital, assim que Navalny deu entrada na unidade, no último sábado (22), alegam a suspeita de ter sido vítima de um ataque.
"Era óbvio que, após sua chegada, precauções de proteção deveriam ser tomadas", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, a repórteres na segunda-feira (24).
A equipe de Navalny apresentou, na semana passada, um pedido ao governo da Rússia para lançar uma investigação criminal sobre o caso, mas, até esta segunda-feira, o Comitê Investigativo russo ainda não havia dado início à apuração, conforme informou a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh. O Kremlin ainda não comentou as acusações e alegações de que o governo Putin se beneficiaria de um possível ataque.
No mesmo dia, antes do anúncio do hospital de Charité, médicos russos declararam que dois laboratórios do país analisaram amostras coletadas do político e não encontraram substâncias tóxicas no organismo dele.
"Se tivéssemos encontrado envenenamento confirmado por algo, teria sido muito mais fácil para nós", disse Anatoly Kalinichecnko, vice-chefe médico do Hospital de Ambulâncias Omsk nº 1, onde Navalny foi tratado.
"Mas, recebemos uma conclusão de dois laboratórios de que nenhum produto químico tóxico que possa ser considerado veneno ou subproduto de veneno foi encontrado.", concluiu o diretor.
Ataques passados
Como muitos outros políticos da oposição na Rússia, Navalny foi frequentemente detido por policiais e assediado por grupos pró-Kremlin. Em 2017, ele foi atacado por vários homens que jogaram antisséptico em seu rosto, ferindo um olho.
Em 2019, Alexei Navalny foi levado às pressas da prisão para um hospital, onde cumpria pena sob a acusação de violar os regulamentos de um protesto. À época, sua equipe também suspeitou de envenenamento. Os médicos disseram que ele teve uma reação alérgica severa e o mandaram de volta para a detenção no dia seguinte.
O Hospital alemão Charité informou, em comunicado, que a equipe de médicos que examinou Navalny, desde que ele saiu da Sibéria e o admitiu no sábado (22), encontrou indícios de "inibidores de colinesterase" em seu sistema.
A chanceler Angela Merkel, que ofereceu, pessoalmente, a ajuda da Alemanha no tratamento do opositor, disse que, em vista das descobertas e de seu "papel proeminente na oposição política, na Rússia, as autoridades locais são agora chamadas a investigar urgentemente este crime em detalhe e com total transparência". "Os responsáveis devem ser identificados e responsabilizados", completou Merkel.
Os inibidores de colinesterase são uma ampla gama de substâncias encontradas em vários medicamentos, mas também em pesticidas e agentes nervosos. O hospital Charité ressaltou que a substância específica a que Navalny foi exposto ainda não é conhecida. "O paciente está em tratamento intensivo e continua em coma induzido. Embora sua condição seja séria, atualmente não é fatal", concluiu a instituição, em nota.
Os inibidores de colinesterase atuam bloqueando a degradação de uma substância química importante no corpo, a acetilcolina, que transmite sinais entre as células nervosas. O efeito resulta na super estimulação da junção entre os nervos e os músculos. Todos os anos, milhares de pessoas sofrem de envenenamento por inibidores de colinesterase, principalmente, devido à exposição a pesticidas.
Segundo a equipe médica, o político está sendo tratado com o antídoto atropina. "O prognóstico de Alexei Navalny permanece obscuro. A possibilidade de efeitos a longo prazo, particularmente aqueles que afetam o sistema nervoso, não podem ser excluídos", completou.
O hospital acrescentou ainda que tem mantido contato próximo com a esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, que visitou o marido no hospital de Berlim no domingo (23) e na segunda-feira (24).
O caso
Navalny, um político e investigador de corrupção, é um dos maiores críticos do presidente russo Vladimir Putin, e adoeceu na quinta-feira (20) em um voo que partiu da Sibéria em direção a Moscou. Ele foi levado para um hospital na cidade de Omsk, depois que o avião fez um pouso de emergência.
Os apoiadores de Navalny acreditam que o chá, que o político de 44 anos ingeriu antes de embarcar, estava envenenado. O grupo também afirma que o Kremlin é o responsável pela doença e questiona o atraso em transferi-lo para a Alemanha.
As autoridades alemãs enviaram um destacamento especial de agentes federais e policiais da cidade ao hospital, assim que Navalny deu entrada na unidade, no último sábado (22), alegam a suspeita de ter sido vítima de um ataque.
"Era óbvio que, após sua chegada, precauções de proteção deveriam ser tomadas", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, a repórteres na segunda-feira (24).
A equipe de Navalny apresentou, na semana passada, um pedido ao governo da Rússia para lançar uma investigação criminal sobre o caso, mas, até esta segunda-feira, o Comitê Investigativo russo ainda não havia dado início à apuração, conforme informou a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh. O Kremlin ainda não comentou as acusações e alegações de que o governo Putin se beneficiaria de um possível ataque.
No mesmo dia, antes do anúncio do hospital de Charité, médicos russos declararam que dois laboratórios do país analisaram amostras coletadas do político e não encontraram substâncias tóxicas no organismo dele.
"Se tivéssemos encontrado envenenamento confirmado por algo, teria sido muito mais fácil para nós", disse Anatoly Kalinichecnko, vice-chefe médico do Hospital de Ambulâncias Omsk nº 1, onde Navalny foi tratado.
"Mas, recebemos uma conclusão de dois laboratórios de que nenhum produto químico tóxico que possa ser considerado veneno ou subproduto de veneno foi encontrado.", concluiu o diretor.
Ataques passados
Como muitos outros políticos da oposição na Rússia, Navalny foi frequentemente detido por policiais e assediado por grupos pró-Kremlin. Em 2017, ele foi atacado por vários homens que jogaram antisséptico em seu rosto, ferindo um olho.
Em 2019, Alexei Navalny foi levado às pressas da prisão para um hospital, onde cumpria pena sob a acusação de violar os regulamentos de um protesto. À época, sua equipe também suspeitou de envenenamento. Os médicos disseram que ele teve uma reação alérgica severa e o mandaram de volta para a detenção no dia seguinte.
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