Bolsonaro nega que discurso na ONU tenha sido agressivo
Em entrevista exclusiva ao SBT, o presidente da república comentou sobre o discurso na assembleia da ONU, afirmando que sua mensagem sobre a Amazônia foi clara
SBT News
O presidente da república Jair Bolsonaro realizou, nessa terça-feira (24), o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em entrevista exclusiva ao SBT, com a repórter Patrícia Vasconcellos, o presidente comentou sobre seu discurso, negando que o tom do mesmo tenha sido agressivo.
Acompanhado do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o presidente disse que as palavras do discurso não foram moderadas, pois o Brasil tinha uma "posição bastante servil e não falava de igual para igual" com os chefes de outros países. Por conta do momento em que o país vive, segundo ele, com muitas críticas, mentiras e fake news, Bolsonaro decidiu mudar a posição do discurso.
Em relação a receptividade da fala, Bolsonaro alegou que, apesar de em situações como essa alguns chefes de estado geralmente se retirarem, ele não viu ninguém sair e foi "até aplaudido". O presidente também negou que o tom de seu discurso tenha sido agressivo, ressaltando que mostrou o que o Brasil representa para o mundo e citando o líder indígena caiapó Raoni Metuktire:
"Só se o sinônimo de verdadeiro for agressivo, eu posso concordar, caso contrário, não. A ONU é o local onde muita gente enxuga gelo, passa o pano, e nós não fizemos isso. De forma bastante educada, bastante objetiva, mostramos a todos o que é o Brasil e o que ele representa para o mundo. Também, em especial, a questão indigenista, nós começamos a tirar da mão do Raoni o monopólio de poder representar o índio do Brasil".
Bolsonaro acredita que sua mensagem sobre a Amazônia foi clara: "Ficou claro, é, você pode ver, eu citei a França e a Alemanha, por exemplo, que ocupam mais de 50% de suas áreas para a agricultura apenas, o Brasil ocupa 8%. O Brasil tem 61% de território preservado", e afirmou que não há espaço para diálogo com o presidente francês Emmanuel Macron, que disse que a Amazônia é do mundo:
"Eu estive com ele em Osaka, onde ele quis impor a sua agenda, para um encontro reservado, e não obteve sucesso. E depois, quando apareceu a questão de algumas queimadas na Amazônia, que estão abaixo da média dos últimos 15 anos, ele foi para o ataque, para a agressão, me chamando de mentiroso do nada e dizendo que a soberania brasileira tinha que ser discutida no tocante a Amazônia. Então, a partir do momento em que ele não volta atrás nisso, não tem clima para conversar".
Ao final da entrevista, o presidente comentou sobre seu estado de saúde e sobre a viagem logo após a cirurgia, "antecipei o máximo possível para poder ter uma folga, e poder viajar pra cá em condições", e disse que "se Deus quiser" estará completamente recuperado daqui 15 dias.
Bolsonaro encontrará ainda, na noite dessa terça-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de retornar ao Brasil. Após os discursos, ambos os presidentes conversaram, e Bolsonaro reafirmou que os dois países seguem alinhados: "O Brasil e os Estados Unidos estão de mãos dadas praticamente em tudo o que interessa para a economia de nossos povos".
Assista ao discurso de Bolsonaro na ONU na íntegra: