Caso Marielle: Raquel Dodge denuncia irregularidades na investigação
O apontamento foi feito no último dia de Dodge à frente da Procuradoria-geral da República, e cinco depois de ter acesso ao processo que apura os assassinatos

SBT News
Nesta terça-feira (17), no último dia como procuradora-geral da república, Raquel Dodge apresentou uma denúncia da investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na qual apontou irregularidades na condução do caso.
A medida vem cinco dias depois de Dodge ter acesso à íntegra da investigação, que transcorre no Rio de Janeiro. Ao analisar os documentos, a então PGR concluiu que houve uma simulação para alterar o caminho das investigações sobre os mandantes da morte de Marielle.
Cinco pessoas foram denunciadas por Dodge: Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio; Gilberto Ferreira, funcionário do gabinete de Brazão; Rodrigo Ferreira, policial militar, apontado como testemunha falsa; Camila Moreira, advogada; e Hélio Kristian, delegado da Polícia Federal.
"Domingos Brazão, valendo-se do cargo, da estrutura do seu gabinete no Tribunal Contas do estado do Rio, acionou um de seus servidores, agente da Polícia Federal aposentado, mas que exercia cargo nesse gabinete, para engendrar [= armar, arquitetar] uma simulação que consistia em prestar, informalmente, depoimentos perante o delegado Helio Kristian e, a partir daí, levar uma versão dos fatos à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o que acabou paralisando a investigação ou conduzindo-a por um rumo desvirtuado por mais de um ano", explicou Raquel Dodge.
A procuradora-geral da República também pediu a federalização das investigações e a abertura de um novo inquérito no Superior Tribunal de Justiça - ações às quais os familiares de Marielle se mostraram contrários.
Para Raquel Dodge, as medidas podem, finalmente, responder à questão chave do caso: "Quem mandou matar Marielle?". Ainda segundo a PGR, há indícios de que o mandante dos assassinatos é Domingos Brazão.