Após agenda no Mato Grosso, Dino volta com recado para Lula sobre marco temporal
Produtores rurais do MT sinalizaram que haverá mobilização em cidades do estado se presidente vetar projeto
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Produtores rurais do Mato Grosso disseram ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que se o presidente Lula vetar o projeto que trata do marco temporal, eles irão mobilizar os representantes do setor para manifestações nas cidades do estado contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que garante aos indígenas o direito ao território mesmo que eles não estivessem nos locais em 5 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a Constituição Federal.
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O Mato Grosso tem vários municípios com áreas que deixarão de ser propriedade privada e passarão a ser território dos indígenas caso a determinação do STF seja cumprida. Oficialmente, a agenda do ministro da Justiça era para a entrega de viaturas, no entanto, os representantes do agronegócio fizeram apelo para que Dino os atendesse e o ministro fez aceno, recebeu prefeitos e empresários do setor e prometeu conversar com o presidente Lula sobre o assunto.
O encontro com Dino foi cordial, no entanto, depois da saída do ministro os produtores aumentaram o tom e relembraram as manifestações pós-eleição quando rodovias foram bloqueadas. O empresário Argino Bedin, da cidade de Sorriso, é investigado por financiar os atos golpistas de 8 de janeiro. A assessoria do ministro informou que ele é sempre abordado nas agendas e que atende a todos, por isso, os compromissos de Flávio Dino têm atrasos recorrentes.
A decisão do plenário do STF a favor dos indígenas fez o Congresso Nacional aprovar às pressas o texto que estabelece o marco temporal. O texto votado tanto na Câmara quanto no Senado atende às reivindicações do agronegócio. A avaliação, no entorno do presidente Lula, é que o veto total do Planalto seria uma sinalização de que o Executivo e o STF estão juntos contra o setor, o que poderia fazer a mobilização dos produtores ganhar força.
Ao mesmo tempo, uma das pautas defendidas pelo presidente da República na campanha foi o restabelecimento de direitos dos indígenas, que nos quatro anos do governo Bolsonaro precisaram lidar com a ordem para que nenhum processo de demarcação tivesse desfecho. Lula criou o Ministério dos Povos Originários também como aceno aos indígenas. Os próximos dias devem ser de muita reflexão por parte do presidente, já que a decisão sobre o veto ou sanção precisa ser tomada em menos de 15 dias.
A Advocacia-Geral da União (AGU) deve sinalizar para Lula o veto parcial da lei que estabelece o marco temporal. Como reação ao julgamento do Supremo Tribunal Federal, parlamentares incluíram trechos na proposta que vão além da data-limite para a requisição dos territórios, mas permite, por exemplo, a exploração comercial de terras originárias e a aproximação com os povos indígenas.
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