Amazônia não pode ser vista "apenas como santuário ecológico", diz Lula
Em Bruxelas, presidente voltou a cobrar recursos dos países ricos para a manutenção da floresta
Henrique Bolgue
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os esforços para proteger a Amazônia garantam qualidade de vida aos habitantes da região. Ele também voltou a cobrar os U$ 100 bilhões de dólares prometidos pelos países ricos para ajudar na manutenção das florestas. Lula discursou na abertura da 3ª Reunião de Cúpula Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) - União Europeia (UE) em Bruxelas, capital da Bélgica, nesta 2ª feira (17.jul).
"Proteger a Amazônia é uma obrigação. Vamos eliminar seu desmatamento até 2030. Mas a floresta tropical não pode ser vista apenas como um santuário ecológico. O desenvolvimento sustentável possui três dimensões inseparáveis: a econômica, a social e a ambiental. O mundo precisa se preocupar com o direito de viver bem dos habitantes da Amazônia", declarou.
O SBT News antecipou que a Dinamarca deve anunciar investimentos para o Fundo Amazônia durante a Cúpula. A primeira-ministra do país, Mette Frederiksen, foi uma das líderes que solicitou uma reunião bilateral com o presidente Lula.
No discurso de abertura da Cúpula, o presidente também afirmou que a defesa do meio ambiente "não pode ser desculpa para o protecionismo", em alusão às exigências que a União Europeia fez para fechar o acordo com o Mercosul. Lula também defendeu a manutenção de preferências para compras do estado, outro ponto em discussão. "A conclusão do Acordo Mercosul - União Europeia é uma prioridade e deve estar baseada na confiança mútua e não em ameaças", declarou.
Mais cedo, Lula discutiu o acordo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen.
Também no campo econômico, o presidente frisou que a parceria entre os países da Cúpula precisa pôr fim à divisão que "condena" a América Latina e o Caribe ao fornecimento de matéria-prima e de mão-de-obra barata.
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Lula também citou a guerra na Ucrânia no discurso de abertura da Cúpula. Para ele, a demora para um acordo de paz mostra a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da ONU.
Nesta manhã, o presidente também discursou em um fórum de empresários e citou o plano de retomar obras de infraestutura paralisadas, aceleração dos projetos em andamento e seleção de novas iniciativas, que deve compor o novo PAC.
A Cúpula Celac - UE conta com 33 mandatários dos países da América Latina e Caribe e mais 27 europeus, totalizando 60 países. A última reunião entre líderes das duas regiões ocorreu em 2015.