Vídeo mostra enviado do governo Bolsonaro tentando retirar joias em aeroporto
Essa foi a oitava tentativa de retirada dos diamantes desde que eles foram apreendidos

Luciano Teixeira
Um vídeo mostra o momento em que um militar, enviado pelo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tentou retirar os diamantes apreendidos no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e que seriam um presente para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Ele insistiu com o funcionário da Receita Federal, mas foi embora sem levar as joias porque não tinha os documentos corretos.
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O vídeo, obtido pela Globonews, mostra o momento em que o sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva, chega à unidade da alfândega do aeroporto. A missão dele: recuperar o conjunto de joias avaliado em mais de R$ 16 milhões.
Os diamantes eram um presente do governo da Arábia Saudita para Michelle, e estavam apreendidos porque não foram declarados. O assessor viajou em um voo oficial, a pedido do chefe de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.
Na imagem, é possível ver que auditor da Receita não aceita o documento apresentado -- e diz que a liberação depende de um ato de destinação de mercadoria, chamada de ADM.
"Esse ADM, que seria para incorporação, seria necessário, e não tem. Não tenho conhecimento também dessa liberação. Não sei onde estaria, talvez no cofre, mas eu não tenho acesso, então", diz o auditor.
O sargento justifica a pressa: precisa tirar tudo antes do fim do governo. "Isso aqui faz parte da passagem, não pode ter nada do antigo para o próximo. Tem que tirar tudo, tem que levar. Não pode, é burocrático, é burocracia", diz Jairo.
Ele diz que o documento para liberação está sendo providenciado, mas o auditor afirma que não irá liberar os diamantes sem a documentação correta.
Essa foi a oitava tentativa de retirada das joias desde que elas foram apreendidas, um ano antes. O presente do governo saudita continua apreendido na Receita Federal.
O que chama a atenção nesse caso, segundo a entidade que representa os próprios auditores fiscais, é a pressa em retirar as joias, algo que poderia ser feito depois da mudança de governo, se o destino dos diamantes fosse o patrimônio público.
"Se estas joias ficarem no patrimonio da União, seja do Palácio do Planalto ou qualquer outro órgão, por que a pressa? Já que na mudança de governo, nada ia mudar no patrimônio, não havia motivo nenhum, sendo esta a destinação pretendida, pra pressa", diz Mauro Silva, presidente Associação Nacional dos Auditores Fiscais.
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