Lula deve viajar à Argentina, EUA e China nos primeiros meses de mandato
Presidente eleito quer que Itamaraty reconstrua pontes e tenha política externa soberana
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá visitar a Argentina, os Estados Unidos e a China nos primeiros meses de seu mandato, conforme anunciou nesta 4ª feira (14.dez) o futuro ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. De acordo com o embaixador, Lula o orientou a restabelecer laços do Brasil com países das Américas, e a reconstruir pontes com parceiros tradicionais "do mundo desenvolvido".
"Ele [Lula] disse que o Brasil esteve ausente muito tempo [da cena internacional], e que a política que deveria ser implementada no governo dele seria uma política de reconstruir pontes. Em primeiro lugar com nossos vizinhos sulamericanos, restabelecendo todos os mecanismos de contato, de negociação. E em seguida, que é o nosso também ambiente próximo, que é a América Latina em geral", afirmou o futuro chanceler.
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A viagem de Lula à Argentina deve ocorrer ainda no final de janeiro, para participar da Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), onde poderá se encontrar com outros líderes regionais de esquerda. Em Buenos Aires, o petista também deverá fazer uma visita bilateral ao presidente argentino Alberto Fernandez.
A ida aos Estados Unidos, por sua vez, terá caráter oficial e já está acertada para o início do mandato, mas sem data definida. Lula foi convidado a viajar ao país norte-americano ainda antes da posse, mas o encontro com Joe Biden ficará para 2023. A nação norte-americana deverá enviar representante para a posse de Lula, mas o nome ainda não foi definido. O presidente também deverá ir à China, principal parceiro comercial do Brasil, ainda no primeiro trimestre do próximo ano.
"O presidente Lula também me orientou a desenvolver e a reaproximar, reconstruir as pontes, com nossos parceiros do mundo desenvolvido, com os Estados Unidos, com a China e com a União Europeia. Nós queremos com esses países ter uma relação intensa, produtiva, mas uma relação equilibrada, uma relação soberana", declarou Mauro Vieira.
A relação com Estados Unidos, China e União Europeia passou por desgastes ao longo do atual governo. Aliado do ex-presidente Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro demorou a se manifestar sobre a vitória de Joe Biden nas últimas eleições e chegou a afirmar, em entrevista ao SBT News, que "fica com um pé atrás" com a gestão do democrata.
A diplomacia com a China foi marcada por uma série de críticas de Bolsonaro e de aliados, inclusive os filhos, em relação ao país comunista, como insinuações sobre uma suposta possibilidade de vigilância com a implementação do 5G no Brasil com uso de tecnologia chinesa. Durante a pandemia, Bolsonaro chegou a dizer que não compraria "vacina chinesa".
A União Europeia também se afastou do Brasil, com países do bloco criticando a condução da política ambiental da atual gestão. A explosão do desmatamento e de atividades ilegais na região amazônica durante o governo Bolsonaro inclusive bloquearam o avanço do acordo de livre comércio do Mercosul com o bloco europeu.