Bolsonaro diz que carta pela democracia é "político-eleitoral"
Presidente sugeriu que documento defende retorno de Lula à Presidência da República
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 5ª feira (28.jul), em sua live semanal, que o manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça -- elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) -- é político-eleitoral e que não entendeu o documento.
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"Tem uma nota de alguns empresários, alguns banqueiros, alguns artistas, pró-democracia. Olha, quem é contra a democracia no Brasil? Em três anos e meio, algum ato meu contrário à democracia? Eu acho que nós temos ao contrário. De outras pessoas contrário a democracia. Nós somos pela transparência, pela legalidade, nós respeitamos a Constituição. Tem gente que se irrita comigo quando eu falo que estamos dentro das quatro linhas, então eu não entendi essa nota", pontuou o chefe do Executivo federal. O manifesto foi elaborado em prol do sistema democrático. O documento foi assinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e, assim como a Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, será lido no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Entretanto, Bolsonaro sugeriu que, segundo o manifesto, é "melhor democracia" com Lula (PT) presidente, quem o atual chefe do Executivo chama de "ladrão" na live, do que "outro regime com o honesto", como se refere a si próprio na transmissão. "Agora, qual outro regime com o honesto? Que outro regime é esse? Não consigo entender. Estão com medo do quê? Se eu estou a três anos no governo, nunca teve uma palavra minha, uma ação, gesto, nunca falei em controlar mídia, em controlar mídias sociais, em democratizar a imprensa. Nada. Por que isso daqui? É uma nota político-eleitoral, que nasceu lamentavelmente na Fiesp em São Paulo. Se não tivesse um viés político nessa nota eu assinaria, sem problema nenhum, mas voltou para o lado de defesa de outro Poder. Eu acho que o equilíbrio entre os Poderes tem que existir, e nós sabemos por onde é que anda o desequilíbrio aqui no Brasil", completou.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou na 4ª feira (27.jul) que assinaria o manifesto pela democracia. Segundo a entidade, a carta foi apresentada à entidade pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Na live, não foi apenas acusando de "ladrão" que Bolsonaro atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas intenção de voto para presidente neste ano. Em determinado momento, após dizer que o petista quer transformar clubes de tiro em biblioteca, afirmou que o petista "entregou uma educação horrível" para o país após seu período como presidente.
"Manda ele para Roraima"
Ainda na transmissão ao vivo desta 5ª feira, Bolsonaro falou para os pais com recursos mandarem os filhos que falam que "a esquerda é uma maravilha" os mandarem para Roraima, para ver os abrigos do exército recebendo migrantes da Venezuela. De acordo com o presidente, os abrigos recebem em média 500 pessoas diariamente "fugindo a pé" do país vizinho, "daquele regime de esquerda".
Conversa com ministros
Bolsonaro disse que seu governo facilitou "muita coisa" que estava parada. E o motivo, segundo ele, é não ter conversa com ministro "num quartinho escuro como antigamente". "Se falava em 5% não sei do que, 6%, 8, 10%, não tem mais conversa em quarto escuro, nem sala-cofre, não tem conversa em sala-cofre no nosso governo, de modo que o pessoal acredita e investe, sem falar que já temos no Ministério da Infraestrutura pedidos de concessão para fazer o equivalente a 20 mil km de ferrovias no Brasil".
Posteriormente, acrescentou que seu governo não conversa em "em sala-cofre nem sala escura com empresário nenhum". "É jogo aberto".
