Irritado, Bolsonaro cogita interromper mandato do presidente da Petrobras
Silva e Luna já informou Planalto que não avalizará nenhuma manobra que possa contrariar legislação
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, poderá ter o mandato de dois anos abreviado e ficar menos tempo na função. É que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não esconde dos assessores mais próximos e parlamentares o descontentamento com a gestão do militar.
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Interlocutores do Planalto confirmam que Bolsonaro cogita indicar um outro nome para a presidência da Petrobras. Mas a mudança não depende apenas da vontade do presidente. Para interromper a gestão de Silva e Luna, além de indicar um novo nome para o Ministério de Minas e Energia, Bolsonaro teria que contar com a adesão dos integrantes do Conselho de Administração da estatal. Depois da indicação, os acionistas teriam que aprovar o nome em votação durante Assembleia-Geral Extraordinária, que precisa ser convocada e ocorre no mês de abril.
O conselho da Petrobras é formado por 11 integrantes, sendo sete da União, três representantes dos acionistas minoritários e um dos trabalhadores. O Ministério de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou o nome do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para presidir o Conselho de Administração da empresa.
As discordâncias entre Bolsonaro e o general se dão, sobretudo, pela disparada do preço dos combustíveis. No fim de fevereiro, o presidente chegou a dizer que Silva e Luna deveria dar uma resposta sobre a alta dos valores.
Silva e Luna defende a atual política de paridade internacional -- que faz com que os preços dos combustíveis acompanhem o valor internacional do barril do petróleo. Bolsonaro criticou a política nesta 2ª feira (7.mar). O governo, inclusive, estuda uma solução temporária para conter os efeitos da guerra na Ucrânia sobre o preço nas bombas.
Ex-diretor da Itaipu Binacional, Silva e Luna assumiu a presidência da Petrobras em abril do ano passado, no lugar do economista Roberto Castello Branco. Na ocasião, o general foi elogiado por Bolsonaro. No Planalto, há quem diga que, apesar da indicação ter sido feita pelo presidente, Silva e Luna está sendo considerado um adversário que joga contra o governo e estaria beneficiando uma eventual candidatura do ex-presidente Lula nas eleições de outubro.
O general é considerado um gestor eficiente e que não abre mão do que diz a lei para aplicar nas ações da empresa. Segundo técnicos da estatal, a legislação impede a empresa, que tem mais de 60% de capital privado, de controlar os preços dos combustíveis. O Palácio do Planalto ainda estuda quais ações devem ser adotadas, no entanto, não descarta aprovar no Congresso uma autorização para que a interferência na política de preços da empresa aconteça por uma período pré-determinado, em condições excepcionais, como é o caso da guerra entre Rússia e Ucrânia.
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