Para defender kit covid, Saúde despreza vacina e sai a favor da cloroquina
Nota técnica disse que medicamento é seguro e vacinas não; ministério diz que interpretação é equivocada
Como forma de manter a distribuição do "kit covid", o Ministério da Saúde publicou, na 6ª feira (22.jan), uma nota técnica informando que as vacinas não têm demonstração de segurança em estudos. Já segundo a pasta, a hidroxicloroquina é classificada como segura. O relatório contradiz a Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas de diferentes áreas e países.
A discussão sobre a eficácia da hidroxicloroquina começou em 2020 e após estudos, ela passou a não ser recomenda por falta de evidências científicas e por ter chance de causar algum efeito adverso grave. Já as vacinas em aplicação no Brasil obtiveram resultados em pesquisas científicas que comprovaram a segurança e eficácia contra a covid-19. Também passaram por análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As diretrizes da da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec), aprovadas em maio e dezembro do ano passado, eram de não usar remédios como a cloroquina, a azitromicina, a ivermectina e outros medicamentos sem eficácia para tratar a doença em pacientes internados.
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Helio Angotti Neto, que assina a nota técnica, afirma que a elaboração das diretrizes "passou por processos de grande tumulto", o que "pode ter pressionado membros da Conitec".
A medida foi vista fomo uma ação para manter a distribuição do chamado kit covid em estados. Os medicamentos, que são considerados ineficazes para covid, foram uma das ações adotadas pelo ministério no combate à pandemia.
O que diz o ministério
Em nota, o Ministério da Saúde disse que não afirmou que o fármaco é seguro para tratamento da covid-19, nem questionou a segurança das vacinas. E diz que a interpretação da nota técnica foi equivocada. "A secretaria informou que observada isoladamente não traduz o real contexto, explicitado no próprio texto. A interpretação de que ela afirma existência de evidências para o medicamento cloroquina e não existência de evidências para vacinas é errada e descontextualizada", diz trecho do comunicado.
Mais cedo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que estava em uma campanha de imunização em Manaus, reforçou a importância da vacinação. "Estou confiante que mesmo que venha contrair [covid-19] novamente, as vacinas serão fundamentais para não contrair a forma grave da doença", disse.