Ramos diz que quem decide se há ou não eleição é a Constituição
Vice-presidente da Câmara se manifestou contra suposta declaração do ministro da Defesa a Lira
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), em nota à imprensa, nesta 5ª (22.jul), disse que quem decide se há eleição ou não, não são os militares, mas a Constituição, a qual eles juraram defender e cumprir. O parlamentar respondeu à suposta ameaça realizada pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), de que se em 2022 não houver voto impresso e auditável, não haverá eleições.
"Portanto, se realmente houve o episódio, o ministro da Defesa, Braga Neto, se afasta do seu juramento militar e envereda por um golpismo que precisa ser combatido duramente pela sociedade, pelos Poderes e pelas instituições democráticas. A notícia de que o presidente Arthur Lira foi claro ao presidente Bolsonaro se postando ao lado da Democracia e da Constituição é uma questão importante", diz o vice-presidente da Câmara.
A suposta ameaça foi feita na última 5ª feira (8.jul), de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. O general estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Após a represália, Lira procurou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio da Alvorada. Segundo o jornal, o presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo para não contar com ele em qualquer ato de ruptura institucional. O parlamentar ainda afirmou a Bolsonaro que iria com ele até o fim, mas não aceitaria golpe e que a Câmara não apoiaria o rompimento da democracia.
Bolsonaro, um dos maiores defensores do voto impresso e auditável, voltou a falar sobre fraude nas eleições de 2014 e defendeu que levou o primeiro turno em 2018. "A constituição fala em contagem pública dos votos, queremos transparência. Vou demonstrar que, em 2018, ganhamos no primeiro turno", diz. Além disso, comentou sobre a reunião do ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso com parlamentares para barrar a aprovação do projeto do voto impresso na Comissão. "Ele está com medo do que?", questiona.
Parlamentares se manifestaram contra a ameaça. A deputada Gleisi Hoffmann (PR-PR) pediu explicações ao ministro da Defesa. "Ao invés de defender o país, o ameaçam?! A Câmara tem de aprovar a convocação do general pretendente a ditador".
O ministro da Defesa, gal de reserva Braga Netto, e o presidente da Câmara, tem de explicar essa ameaça à democracia. Grave essa militância política do comando das FFAA. Ao invés de defender o país, o ameaçam?! A Câmara tem de aprovar a convocação do general pretendente a ditador pic.twitter.com/wuaYz8qYSZ
? Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 22, 2021
A deputada Erika Kokay disse que a ameaça de Braga Netto é criminosa. "Nossa democracia não vai ser ameaçada por ninguém [...] Não vamos permitir um novo golpe!", afirma.
Ameaça do Braga Netto é criminosa. Nossa democracia não vai ser ameaçada por ninguém, muito menos por General que apadrinha a familícia. Braga Netto tem que ser enquadrado para entender que o povo brasileiro é soberano e seu voto será RESPEITADO. Não vamos permitir um novo golpe!
? Erika Kokay (@erikakokay) July 22, 2021