Bolsonaro chama CPI de "vexame" e diz que voltou a tomar cloroquina
Para o presidente, senadores que integram a comissão são "desocupados"
Camila Borges
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou, na noite desta 5ª feira (20.mai), o trabalho dos senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), responsável por investigar ações e omissões do governo federal durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Para Bolsonaro, a CPI da Covid-19 é um "vexame nacional".
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"O Brasil é o país da hipocrisia, a começar por essa CPI. Eu tinha vontade de voltar a ser deputado para falar o que penso, mas agora não pega bem eu falar por aí, especialmente sobre o presidente da CPI", disse Bolsonaro, referindo-se ao relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
Durante a transmissão, o presidente afirmou que a declaração do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) a respeito de Calheiros foi "muito bem intitulada". Na última 4ª feira (12.mai), o filho do chefe do Poder Executivo trocou ofensas com o relator da CPI, chamando-o de "vagabundo".
"O coletivo daquilo que o Flávio falou se chama súcia, só para o pessoal começar a entender. O pessoal que acompanha o relator na íntegra é uma verdadeira súcia, que é um conjunto de pessoas desocupadas que não têm o que fazer. Afinal de contas, estão apurando o quê?", questionou.
Uso da cloroquina
Bolsonaro também voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a covid-19. Sem citar nominalmente a cloroquina, com receio de que a transmissão pudesse ser interrompida, o presidente afirmou que utilizou a medicação após apresentar, novamente, sintomas da doença.
"Aquele negócio que o pessoal usa contra a malária, eu usei lá atrás e, no dia seguinte, estava bom. E vou dizer mais: há poucos dias eu estava me sentindo mal e antes de procurar um médico, olha só esse exemplo, eu tomei de novo aquele remédio. Fiz os exames e não estava (doente), mas por precaução eu tomei. Qual o problema?", indagou.
Pazuello durante a CPI
Ainda durante a transmissão, Bolsonaro elogiou o desempenho do general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na CPI. "A informação que eu tive é de que o Pazuello foi muito bem, mas a CPI continua sendo um vexame nacional. Não querem falar sobre o desvio de recursos, querem falar sobre...não vou falar aqui, senão a live vai cair", disse.
Nesta 5ª feira, após cerca de 14 horas de depoimento, Pazuello evitou responsabilizar Bolsonaro pela crise sanitária do país. Em dois dias de oitiva, o general culpou governadores pelo colapso nos sistemas de saúde, e assumiu que foi uma decisão própria não assinar o contrato com a Pfizer no ano passado para a aquisição de vacinas.