Bolsonaro diz temer relatório 'sacana' na CPI da covid
Afirmação foi dada por telefone ao senador Jorge Kajuru, que divulgou gravação da conversa em redes sociais
"Se não mudar a amplitude, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. Tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada", afirmou Bolsonaro ao senador. Em resposta, Kajuru afirmou que irá se "esforçar".
Bolsonaro também disse que o objetivo do autor da CPI é "investigar as omissões do governo federal na covid". E que o senador deveria se mobilizar para apurar a conduta de governadores e prefeitos.
"A CPI hoje é para investigar omissões do presidente Jair Bolsonaro, ponto final. Quer fazer uma investigação completa? Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir só pra cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI que realmente seja útil para o Brasil? Mudar a amplitude dela. Bota governadores e prefeitos. Presidente da república, governadores e prefeitos", disse o presidente em outro momento.
Durante a conversa, o presidente ainda pediu que o senador fizesse petições contra o Supremo "para botar em pauta o impeachment". A afirmação dá a entender que o presidente pede pelo impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). A conversa foi compartilhada pelo senador.
ATENÇÃO BRASIL!!! PRESIDENTE BOLSONARO E SENADOR KAJURU TEM UMA CONVERSA CLARA E HONESTA!!! TENHO HISTÓRIA E NÃO ACEITO CPI COVID POLÍTICA E REVANCHISTA! ALESSANDRO, E EU QUEREMOS INVESTIGAR GOVERNADORES E PREFEITOS TAMBEM!!! OUÇAM E COMENTEM SEM PARAR.https://t.co/VZMRc5TTxx
? Senador Kajuru (@SenadorKajuru) April 11, 2021
CPI da Pandemia
A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigação da conduta sobre a pandemia da covid-19 no Senado foi decidida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
O magistrado atendeu a uma ação judicial dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Eles haviam feito o pedido no Senado, mas recorreram à Justiça por não ter sido encaminhado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Barroso foi criticado pelo presidente Bolsonaro e por Rodrigo Pacheco pela determinação de abertura da CPI. O ministro se defendeu, e disse que a decisão segue a Constituição e foi dada após consulta aos demais ministros. Agora, o STF decidirá em plenário sobre o tema. O julgamento está marcado para a próxima 4ª feira (14.abr).