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ESG

Escravidão, fraude contábil e tentativa de descredibilização; o ESG em 2023

Foco ESG faz balanço com dois grandes nomes, o escritor Ricardo Voltolini e a vice-presidente da B3, Ana Buchaim

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"Da pandemia até aqui, houve uma ascensão global do ESG por conta do interesse dos investidores nas chamadas informações não financeiras: sociais, ambientais e de governança. O bom disso é que as empresas tão discutindo mais. Durante um bom período da minha vida profissional, expliquei porque a sustentabilidade é importante. Hoje, essa pergunta quase nem é feita. Então, esse é o lado bom. O lado ruim é haver muita empresa fazendo o mínimo e entrando na discussão. Acho que o momento em que estamos vivendo, de emergência climática, escassez de recursos, aumento da desigualdade... pede uma ação mais enérgica e contundente", considera Ricardo Voltolini, um dos maiores teóricos sobre o tema no Brasil, ao ser perguntado se, atualmente, percebeu uma evolução do ESG.

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O ano de 2023 teve mais altos e baixos do que esses citados pelo especialista. Houve até tentativa de revés quanto à credibilidade do movimento, provocada por um dos maiores investidores da tecnologia, que é considerada coerente para o futuro. Elon Musk, dono da Tesla, uma da maiores montadoras de veículos elétricos do mundo, reclamou quando sua empresa foi retirada do índice de sustentabilidade da S&P Global, uma das bolsas de valores de Nova York. "Apesar da Tesla fazer mais pelo meio ambiente do que qualquer empresa já fez", reivindicou ele, que também acusou: "O ESG foi usado como arma por falsos guerreiros da justiça social".

Para Ana Buchain, vice-presidente da bolsa de valores do Brasil, a B3, a tentativa de descredibilização surtiu pouco efeito. Ela também não vê com preocupação essas atitudes: "Esse movimento anti-ESG vai acontecer, a gente vai ver se repetindo em ciclos. Porque toda vez que o movimento fica muito forte, vem outro na direção contrária. Mas, faz com que a gente tenha chance de aprofundar o tema". Apesar disso, a Tesla pode voltar a qualquer momento para a lista da bolsa americana, desde que recupere seu índice ESG com boas práticas. Até mesmo empresas que não só diminuíram seus níveis de impacto positivo, mas se envolveram em polêmicas maiores podem voltar a se destacar.

É o caso da rede varejista Americanas, que revelou uma fraude contábil de R$ 43 bilhões. Lojas foram fechadas pelo Brasil inteiro e a companhia foi retirada do índice de sustentabilidade da B3. Porém, caso se recupere financeiramente e também em parâmetros ESG, pode voltar à baila das empresas consideradas responsáveis. Ana pondera: "É muito fácil a gente colocar que 'essa empresa é do bem e essa empresa é do mal'. Porque, na verdade, quando a gente fala em trabalho de ESG, ninguém tá 100%, ninguém é perfeito em todos os quesitos. Estão todas companhias se movendo em direção de padrões mais elevados no trabalho com os fatores ambientais, sociais e de governança. Então, toda empresa pode rever um propósito, a forma como tem trabalhado. Desde que isso faça parte da cultura da companhia, é óbvio que as empresas podem se recuperar".

Quer conhecer outros altos e baixos e entender se o ESG evoluiu no Brasil esse ano? Assista ao Foco ESG:

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