José Aníbal é confirmado na vice de Datena em chapa do PSDB para a Prefeitura de São Paulo
Com escolha do ex-senador, partido forma uma candidatura puro-sangue para disputar as eleições em outubro
Emanuelle Menezes
O ex-senador José Aníbal foi confirmado como vice na chapa encabeçada por José Luiz Datena para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Com a decisão, o partido confirma uma candidatura puro-sangue, afastando alianças.
A decisão foi anunciada pelo apresentador numa convenção partidária tumultuada, na manhã deste sábado (27), na Assembleia Legislativa de São Paulo. "O vice-prefeito, com todo o respeito ao nosso Zuzinha [Mário Covas Neto], que trouxe o partido até aqui, mas o nosso vice-prefeito é o José Anibal", disse Datena.
+ Convenção do PSDB para referendar candidatura de Datena tem confronto com militantes pró-Nunes
Uma ala contrária à candidatura de Datena foi barrada por seguranças. Eles vestiam camisetas com as frases "respeitem nossa história" (na frente) e "militância tucana" (nas costas). O grupo, comandado pelo ex-dirigente municipal Fernando Alfredo, defende apoio ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição.
O ex-senador José Aníbal disse que medidas legais serão tomadas contra os militantes. "Isso não é política, é delinquência, típica coisa de fascistas", afirmou.
Aos 76 anos, Aníbal tem longa trajetória política no PSDB. Foi presidente nacional da sigla, vereador de São Paulo e deputado federal por cinco mandatos. Também foi senador em dois períodos, devido a licenças do eleito, José Serra. Foi ainda secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo, na gestão Mário Covas/Geraldo Alckmin.
Datena criticou ala contrária à sua candidatura
José Luiz Datena chegou ao auditório Paulo Kobayashi sob gritos e aplausos, acompanhado de José Aníbal e de Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB. "Parece que eu nasci para este dia. Parece que meus 67 anos de vida me preparam para este dia", iniciou.
Boa parte da fala do apresentador de programas policiais foi usada para criticar o protesto dos dissidentes. "Um bando de vendidos a esse prefeito de São Paulo que está borrando as calças com medo de chegarmos pelo caminho democrático à Prefeitura de São Paulo. Devolver ao PSDB de Fernando Henrique, de Franco Montoro, de Bruno Covas, de Mário Covas, de tantas pessoas importantes. Isso é baderna, não é democracia", afirmou.
Datena acusou o grupo de apoiar Nunes para manter o crime organizado no poder, fazendo insinuações sobre a relação do atual prefeito e as empresas de ônibus investigadas pela Operação Fim da Linha.
"Nós queremos o povo no poder e não bandidos no poder. Quem financiou essa gente toda que está aí fora?", questionou.
No fim da convenção, Datena afirmou que ia sair pela porta da frente. "Se me baterem, vão aviltar a democracia. Se me matarem, há de sobrar gente para governar São Paulo", disse ele.
O apresentador foi até o portão da Alesp, onde estavam os manifestantes que não puderam entrar no auditório – havia, inclusive, um caminhão de som com o cartaz "vem pro debate, Datena". Ele bateu boca com os militantes, que o chamavam de "golpista" e "arregão", e chegou a levar água na cara. Após o momento tenso, Datena entrou no carro e foi embora.