PT começa preparação para eleições de 24 e mira aumentar número de prefeitos
Presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, está visitando estados para discutir estratégia
O Partido dos Trabalhadores (PT) começou a se preparar para as eleições municipais de 2024. Um Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla específico para o pleito foi criado no início deste mês e fará sua primeira reunião na tarde da próxima 3ª feira (27.jun). Na ocasião, começará a discutir a tática eleitoral do ano que vem - o que também será debatido na reunião do diretório nacional marcada para 8 de julho.
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Segundo a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o partido vai trabalhar para aumentar o número de prefeitos e vereadores petistas eleitos. A declaração foi dada em entrevista ao SBT News. Há três anos, o Partido dos Trabalhadores elegeu 182 prefeitos e 2.661 vereadores, ante 254 e 2.806 de 2016, quando ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff. Em 2012, segundo ano do governo Dilma, foram 637 prefeitos e 5.181 vereadores, respectivamente.
Gleisi tem visitado estados pelo Brasil para discutir com representantes locais da legenda e dos demais partidos da federação (PCdoB e PV) uma estratégia eleitoral. Até o momento, ela foi a oito unidades federativas, incluindo Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, Amazonas, Pará e Rio de Janeiro. Neste fim de semana, estará em Mato Grosso.
A presidente do PT é ainda a responsável por coordenar o GTE. A resolução da sigla, de 5 de junho, que dispõe sobre a criação do grupo, também diz que a Executiva Nacional vai orientar os diretórios estaduais a fazerem "até o dia 30 de julho seminários não deliberativos, com a participação dos dirigentes estaduais, bancadas federais e estaduais, prefeitos(as) e vice prefeitos(as) e outras lideranças que avaliarem importantes, para construir diagnósticos políticos do quadro eleitoral de seus estados e do DF, para subsidiar a discussão da tática eleitoral pelo Diretório Nacional do PT".
À reportagem, Gleisi ressaltou que é importante o PCdoB e PV se prepararem para o pleito de 2024 também. "E a gente quer buscar a conversação com os demais partidos que participaram da aliança nessa eleição do presidente Lula", complementou. No ano passado, Lula foi apoiado ainda, por exemplo, por Psol, Rede Sustentabilidade, Solidariedade e PSB.
De acordo com a presidente do PT, nos locais em que o partido tem tradicionalmente mais dificuldade perante o eleitorado, por exemplo, o interior de São Paulo, fazer alianças com as legendas da federação ou outras ganha mais relevância. "Tem aí o PSB, o PDT, mesmo setores do MDB, com quem a gente dialoga. Isso tudo pode ajudar muito a gente a crescer. Se não em número de prefeitos nesses locais com mais dificuldades eleitorais para o PT, mas em número de vereadores", pontua.
Com seu principal quadro, Luiz Inácio Lula da Silva, de volta à Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores terá um fator novo importante nas eleições municipais do próximo ano, em comparação com as de 2020, visto que o apoio do chefe do Executivo federal a candidaturas pode atrair votos.
Rivais
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse no último dia 17 que, com a "força" de Jair Bolsonaro, a sigla fará 1,4 mil ou 1,5 mil prefeitos nas próximas eleições. "Nós vamos bater o recorde de tudo. Eu tenho dito em Brasília: nas próximas eleições, ninguém tira a eleição da direita", acrescentou, em discurso durante evento de filiação de prefeitos e ex-prefeitos ao Partido Liberal, em Jundiaí (SP).
No pleito de 2020, o PL elegeu 344 prefeitos e 3.453 vereadores. Em 2016, ainda denominado Partido da República (PR), foram 297 e 3.018, respectivamente. Na 6ª feira (23.jun), a sigla de Valdemar e Bolsonaro realizou um evento no Rio Grande do Sul para filiações partidárias de prefeitos e vice-prefeitos. O Encontro Estadual do PL ocorreu também para discussão de estratégias para as eleições municipais de 2024. Bolsonaro participou.
Antes, em 14 de junho, o partido fez uma reunião semipresencial, com cerca de 50 dirigentes estaduais, municipais e do PL Mulher para consolidar o alinhamento estratégico para o pleito do ano que vem. O ex-presidente da República participou também. Na mesma data, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga se filiou ao Partido Liberal e lançou a pré-candidatura à prefeitura de João Pessoa.
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ex-principal rival do PT, também já está se preparando para as eleições do próximo ano, segundo o secretário-geral da sigla - o deputado federal Paulo Abi-Ackel (MG). "Nós temos uma planta partidária muito extensa em todo o Brasil, mas sobretudo em Minas Gerais, onde temos perto de 600 comissões provisórias e diretórios, e, claro, estamos estamos em contato com todos eles para que a gente possa ter um bom desempenho nas eleições 2024, incluindo as cidades pequenas médias e a capital de Belo Horizonte", pontuou, em entrevista ao SBT News.
Questionado sobre se o partido pretende aumentar o número de prefeitos e vereadores eleitos no país no próximo pleito, Abi-Ackel ressaltou que a sigla, primeiro, precisa ter consciência da realidade político-partidária que o Brasil vive.
"Nós tivemos uma polarização nas eleições de 2022. Ela fez com que os dois polos extremos, a direita, com PL, e o PT, da esquerda, tivessem um amplo crescimento, estreitando, portanto, as perspectivas no centro político brasileiro, que ficou muito dividido. São muitos partidos do centro político brasileiro. Além do PSDB, tem o MDB, o PSD, vários outros. União Brasil, que é o antigo Democratas. Então, é claro, a gente precisa compreender que o centro ficou um tanto pressionado", complementou.
Por causa dessa quantidade de legendas e essa polarização, o secretário-geral diz que seria "muito pretensioso" de sua parte pensar que o PSDB terá "Um desempenho espetacular" nas eleições de 2024. Em suas palavras, "é um desafio grande manter o partido do tamanho que era anteriormente, quando não havia essa polarização e quando não havia essa quantidade de siglas que fracionaram o centro político brasileiro".
Entretanto, acredita que isso "é transitório". "Isso, ao final de um certo tempo, lá na frente, nós continuaremos a ter o PT sempre com seus adeptos, a direita com seus adeptos também, mas nós teremos no centro o PSDB capitaneando, pilotando o centro político brasileiro. Como foi assim, em última análise, os últimos 30 anos da política brasileira".
O Partido da Social Democracia Brasileira, de acordo com Abi-Ackel, tem incentivado o máximo possível de candidaturas da legenda nas eleições de 2024, desde que viáveis, nas cidades onde o PSDB tem tradição de possuir o comando político. Em São Paulo, onde, devido a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos), deixou o governo estadual pela primeira vez após quase 30 anos, os tucanos perdeu prefeitos neste ano: o de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, e o de Barueri, Rubens Furlan, foram o PL, por exemplo.
Para Abi-Ackel, a política "é feita de ciclos", e "é natural que agora, com o surgimento de uma outra força política também ligada mais à direita, que é a do atual governador, houvesse uma atração pelo Palácio dos Bandeirantes de alguns prefeitos principais". "Natural, algo que é comum na política brasileira, mas que diminui naturalmente o partido. Mas que, de forma nenhuma, será comprometedor para que o partido no futuro volte a ganhar uma eleição para o governo de São Paulo".
Como uma providência já adotada para o PSDB se manter competitivo nas próximos eleições municipais, o secretário-geral cita a substituição da Executiva Nacional. "Fizemos uma renovação com a entrada de uma comissão provisória do atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, promovendo uma renovação das lideranças político-partidárias. Os vice-presidentes são também jovens políticos que estão acendendo ao cenário principal da política brasileira, como a governadora de Pernambuco, Raquel Lira, e o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel", afirma.
"E eu tenho a honra de ocupar a secretaria-nacional do partido. E a gente com isso está procurando fazer essa renovação na linha não só de planejamento do partido, mas também reanalisando os nossos pontos de vista em relação aos temas principais da vida brasileira".
Em 2020, o Partido da Social Democracia Brasileira elegeu 523 prefeitos e 4.388 vereadores. Em 2016, foram 785 e 5.357, respectivamente.