Padrinhos de Alckmin na chapa com Lula se fortalecem na transição
Vice eleito emplaca aliados na equipe de transição na Economia; Chalita é cotado para a Educação
Quem ainda não entendeu o tamanho do papel que desempenhará o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSD), no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tucanos próximos a ele dão o caminho: relembrar de sua atuação como vice-governador de São Paulo na gestão de Mário Covas.
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"No governo Covas, ele assumiu esse papel de acompanhar a gestão de tarefas. Ele operava com método", relembra um ex-parlamentar do PSDB próximo a Alckmin. Ele destaca que Covas escolheu o tucano para sua vice por sua habilidade em tocar atividades políticas com eficiência e discrição.
E é justamente por essas características que ele tem ganhado a confiança de petistas e conquistado cada vez mais protagonismo e poder. O vice-presidente eleito não só é coordenador da transição, como tem conseguido indicar nomes de sua confiança para participar do processo em setores estratégicos do governo.
Na Economia, por exemplo, o ex-tucano indicou três especialistas da área: André Lara Resende e Persio Arida. Na Saúde, ele indicou o médico infectologista David Uip, que negou o convite por questões pessoais.
Na Educação, o educador e ex-deputado federal Gabriel Chalita, que já foi secretário de Educação de São Paulo nas gestões de Alckmin e Fernando Haddad, do PT, é amigo pessoal do vice-presidente eleito e está cotado para assumir o Ministério da Educação. Junto com Haddad, Chalita foi responsável aproximar Lula e Alckmin antes das eleições, inclusive foi na casa dele que houve o primeiro encontro entre os dois.
"Quem fez a aproximação foi o Haddad. Quando prefeito, o Haddad tinha uma relação muito boa com o Alckmin governador. O Alckmin tem uma relação muito próxima com o Chalita também", conta o prefeito de Araraquara e coordenador na campanha, Edinho Silva.
Edinho também diz que é provável que Alckmin indique pessoas próximas e de confiança. "Certamente as figuras do entorno dele eu acho que vai indicar, mas não vejo ele brigando por cargos no governo", afirma.
Em meio a especulações, na última 5ª queira, o presidente eleito afirmou que Alckmin não iria comandar nenhum ministério. Havia rumores de que o ex-tucano poderia assumir alguma pasta na área econômica -- Fazenda, Planejamento ou Indústria e Comércio Exterior -- ou o Ministério da Defesa.
Isso não significa que seu papel será menos importante. Ao contrário. O marqueteiro da campanha de Lula, Sidônio Palmeira, acredita que, mesmo de fora dos comandos dos ministérios, Lula "dividirá" com Alckmin a tarefa de presidir do Brasil.
"Para mim não foi nenhuma novidade ver o Alckmin coordenando a transição pela relação que os dois [Lula e Alckmin] tiveram de respeito e parceria na campanha. Sempre um elogiava o outro. O Alckmin terá um papel super importante nesse governo. Ele não vai ser ministro e será um vice-presidente ativo, dividindo com o presidente Lula. Será braço direito mesmo".
Picolé de chuchu
Durante disputa para assumir o governo paulista, em 2002, Alckmin passou a ser conhecido como "Picolé de Chuchu". O apelido foi dado pelo jornalista José Simão, que afirmava que o ex-tucano tinha uma personalidade insossa.
Segundo Sidônio, o vice-presidente eleito resolveu assumir o apelido, que até então lhe incomodava, no ato de lançamento da candidatura, em maio. "Ele falou que o prato 'Lula com Chuchu' ia dar muito certo. E foi uma coisa que teve uma repercussão muito grande. Ele nunca tinha reconhecido esse apelido. Aquilo ali disse assim: esse é de casa", conta.
E tem sido esse o tom de sua atuação desde então. Como um bom "Picolé de Chuchu", Alckmin tem escapado das polêmicas e tem sido um bom coadjuvante, sempre apaziguador, discreto, sem gerar crises e sem entrar em choque com os grandes líderes do PT e com Lula. Suas declarações públicas e suas articulações políticas nos bastidores, até o momento, estão sempre alinhadas com o combinado com o presidente eleito.