Bolsonaro diz ter vivido dia "mais terrível" após fala sobre venezuelanas
Presidente disse que sua fala sobre "pintar clima" era para conversar e rebateu acusações de pedofilia
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (16.out) ter vivido as 24 horas "mais terríveis" de sua vida, após repercutir na internet trecho de uma entrevista em que ele usa a expressão "pintou um clima" ao referir-se a adolescentes venezuelanas que estavam vivendo no Brasil. Bolsonaro afirmou que o clima era para conversar com as garotas e classificou de "infâme e sórdida" as acusações de pedofilia.
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"Vocês me acompanharam nas últimas 24 horas. Foram as mais terríveis da minha vida. Uma acusação infâme, sórdida, de pedofilia potencializada pela senhora Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Tentaram me atingir naquilo que é mais sagrado para mim, a defesa da família e das crianças", disse o presidente na chegada para participar do debate promovido pela TV Bandeirantes.
Bolsonaro ainda falou sobre a decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, de proibir que o PT usasse a fala em peças de campanha: "Agora há pouco uma decisão do senhor ministro Alexandre de Moraes, simplesmente, mandando retirar do ar toda e qualquer matéria nesse sentido dizendo que foi descontextualizada e agressiva visando apenas tirar proveito eleitoral. Então a minha indignação e a decisão do Alexandre de Moraes dá um ponto final nessa questão. Quero lembrar: Lula e sua equipe me acusam o tempo todo de genocida, me acusam de miliciano, de canibal e essa última pedofilia. Eu lamento que não tenha nada de concreto contra mim e muito menos de bom para falar sobre ele. Então esse nível da campanha no meu entender é o pior possível. Eu peço a Deus que tudo corra bem nesse dia para que o povo possa ter informações dos seus candidatos, do que eles fizeram e do que eles poderão fazer".
Caso
A repercussão surgiu após uma entrevista na última 6ª feira a um podcast em que Bolsonaro relatou ao entrevistador o que havia acontecido durante um passeio de moto por Brasília: "Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei".
Ainda segundo ele, "tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas". "E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora. E como chegou neste ponto? Escolhas erradas" disse Bolsonaro.
Questionado sobre a que se referia com a expressão "pintou o clima", o presidente afirmou que era "para conversar". "Fui para dentro da casa das senhoras com uns dez seguranças. Fiz uma live. A TV CNN emitiu sinal. Se você pegar esse 'pintar um clima', na mesma entrevista lá daquele blogueiro, eu falo que não pintou o clima com o parlamento para a gente revogar um decreto ambiental sobre. Essa história de 'pintar clima' é muito comum de mim, uso muito isso daí. E naquele momento foi exatamente para mostrar que pintou uma oportunidade, o clima, para entrar na casa das venezuelanas e como eu fiz, em live, mostrar para o Brasil o que nós não queremos para o Brasil, o que nós não queremos para os nossos filhos e filhas. E elas só estavam lá por estarem fugindo do regime cubano e vieram para cá atrás de dias melhores e menos violência e fome como viviam na Venezuela", afirmou.
Em relação ao trecho sobre "ganhar a vida", o presidente disse que o que falou "foi exatamente isso". "Não tenho acusação direta de nada. O que elas estavam fazendo naquele momento a conclusão fica para cada um."