Bolsonaro evita evento com católicos conservadores que têm rixa com arcebispo
Apoiadores haviam anunciado presença do candidato em ato em frente à Basílica Histórica de Aparecida
O presidente Jair Bolsonaro (PL) abreviou a passagem dele pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, nesta 4ª feira (12.out), numa tarde marcada por embate entre fé e política. Um grupo de católicos conservadores havia convocado apoiadores do candidato à reeleição para que eles rezassem o Rosário às 15h, em frente ao prédio da Basílica Histórica, que fica no complexo da padroeira. No entanto, Bolsonaro desistiu de participar do ato.
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É que o evento não fazia parte da programação oficial das celebrações em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. Além disso, no mesmo horário dentro da Basílica, acontecia a Consagração da Padroeira, um momento de súplica que acontece há 65 anos no Santuário.
Fiéis que foram até a Basílica para a Consagração deixaram o local inconformados com a tentativa de politizar o dia em homenagem à Santa. Do lado de fora do prédio histórico, fiéis usando verde e amarelo também reclamavam, mas por outro motivo: por causa da ausência do presidente no ato organizado pelo grupo conhecido como Centro Dom Bosco. O instituto é formado por católicos que se identificam como conservadores e que estão em busca da restauração da Santa Igreja.
Oficialmente, o presidente não havia confirmado que participaria da reza do Rosário com os apoiadores. Assessores disseram ao SBT News que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) vetou a participação de Bolsonaro no ato, já que os agentes não haviam feito varredura no local nem a triagem do público, o que normalmente acontece em eventos com o presidente da República.
O grupo que organizou a reza é crítico ao arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Durante a manhã desta 4ª, o religioso, na missa principal do dia em homenagem à Padroeira, usou a Homilia -- momento da missa em que o celebrante interpreta a passagem do Evangelho -- para dizer que o Brasil precisa combater a fome, o desemprego, a miséria e a mentira.
Horas depois da fala, o arcebispo encontrou com Bolsonaro em outra missa realizada à tarde. Dom Orlando Brandes foi até o local onde o presidente estava para cumprimentá-lo e, em um entrevista à imprensa, voltou a fazer críticas à política da fé e também afirmou que a pessoa tem que decidir se é católica ou evangélica. O candidato à reeleição se batizou na igreja evangélica após o casamento com Michelle Bolsonaro, mas teve formação católica.
