Empresários varejistas defendem reforma tributária que motive o setor produtivo
Pedido foi feito em encontro entre representantes do setor e a campanha de Lula
Simone Queiroz
Cerca de 50 empresários do setor varejista, que emprega 850 mil trabalhadores no país, se reuniram nesta 4ª feira (10.ago), num hotel, em São Paulo, com representantes da campanha do candidato do PT à Presidência da República. Lula, embora tivesse confirmado presença, desmarcou de última hora, segundo a assessoria, porque teve um desconforto gástrico, comeu algo que lhe fez mal. Estavam presentes empresários, como Luiza Trajano, da rede Magazine Luiza, e Flávio Rocha, das lojas Riachuelo.
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Coube a Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa, e ao ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, debater com os varejistas. No café da manhã, a conversa girou principalmente em torno das reformas tributária e trabalhista.
Segundo empresários ouvidos, caiu bem a informação de que o PT, se voltar ao Palácio do Planalto, não pretende revogar a reforma trabalhista, aprovada, em 2017, no governo Michel Temer (MDB), mas promover revisões negociadas com patrões e empregados. Mercadante esclareceu que Lula não defende a volta do imposto sindical, que deixou de ser obrigatório na reforma, e propõe a regulação das plataformas digitais, que contam com o trabalho de entregadores, em vínculos precários, sem oferecer direitos trabalhistas.
A reforma tributária também foi tema das perguntas feitas pelos varejistas. Mercadante esclareceu que a proposta petista inclui taxar renda e patrimônio: "Menos tributo nos produtos nos serviços, mas precisa tributar o patrimônio e a renda, porque o país é muito desigual, nós temos que simplificar de um lado, mas para isso, eles [empresários] têm uma contribuição a dar. A reforma tributária tem que ser justa, estimular a produção sustentável da economia e ser solidária".
O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, rebateu, afirmando que as empresas esperam uma reforma que motive o setor produtivo: "a gente tem que olhar como um todo. A gente tem que olhar todos os aspectos, como a reforma vai impactar na produção, nos serviços, no empregado. A gente acredita que vai poder colaborar muito na reforma como um todo. Temos um grupo de estudos tributários e vamos analisar cada uma das possibilidades".
Geraldo Alckimin, na reunião, ficou com os temas políticos e defendeu a democracia: "a democracia é um valor, ela precisa ser aperfeiçoada, as pessoas passam, as instituições ficam. Nós precisamos de boas instituições, fortalecer instituições e aperfeiçoá-las".
Os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas foram convidados pelo IDV para conversas com empresários. Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) serão os próximos. Lula prontificou-se a marcar nova data. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, segundo a assessoria de imprensa do IDV, disse que participaria das sabatinas, mas depois, diante das várias datas oferecidas pela entidade, afirmou que não teria disponibilidade na agenda.
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