Ciro recusa palanques de Bolsonaro e de Lula
Em entrevista ao programa Perspectivas, pré-candidato do PDT ataca adversários
Michel Medeiros
Terceiro colocado nas pesquisas de intenções de votos, o pré-candidato à presidência da República Ciro Gomes (PDT) foi o entrevistado desta 4ª feira (6.jul), do programa Perspectivas. Na conversa com a jornalista Débora Bergamasco, o pedetista descartou a possibilidade de compor palanques com os adversários, aos quais teceu duras críticas.
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Questionado sobre a possibilidade de, a exemplo de outros postulantes ao Planalto e a governos estaduais, abrir mão da candidatura, declarou não acreditar nessa luta. O pré-candidato disparou contra o adversário petista e disse que o único gesto de grandeza que Lula conhece está em "convencer os outros a abrirem mão em prol de si próprio", como Ciro recorda ter feito por repetidas vezes, em favor de Lula e de Dilma Rousseff.
O pré-candidato pelo PDT disse que "Lula é o grande traidor do Brasil" e afirmou que Bolsonaro existe alimentado pelo Partido dos Trabalhadores. "Lula produziu Bolsonaro e mente para o povo".
Acusando o atual chefe do Planalto de facista, Ciro Gomes afirmou ter provas das corrupções praticadas por Jair Bolsonaro (PL) desde a época em que era deputado. "Fui deputado na mesma época que Bolsonaro era deputado. Bolsonaro roubava dinheiro de gasolina do gabinete", declarou, em alusão a supostas práticas de desvio de recursos e de rachadinha.
Sobre as perspectivas para as eleições de 2 de outubro, o pré-candidato disse ter a humildade para reconhecer que não é favorito. "Não sou favorito e preciso que aconteça uma revolução na cabeça do brasileiro", admitiu ao declarar que gostaria de ser presidente para implantar um novo modelo de gestão que rompa com o padrão adotado desde a redemocratização, onde todos os presidentes se dobraram ao centrão para poder governar.
Para Ciro Gomes, o atual modelo de gestão econômica impede o desenvolvimento do Brasil e causa o endividamento dos cidadãos e das empresas, concentrando a renda nas mãos de pouquíssimas pessoas. "Cinco brasileiros acumulam a renda de 108 milhões de brasileiros".
O pedetista fez duras críticas à política de juros adotada pelo Banco Central e avaliou o Brasil como um país desinteressante para o investidor estrangeiro. Segundo Ciro, que recordou sua atuação como ministro da Fazenda e um dos responsáveis pela implantação do Plano Real, em 1994, é preciso praticar taxas semelhantes às de países de primeiro mundo e, com isso, reindustrializar o Brasil.
Ainda na esfera econômica, acusou os bancos brasileiros da prática de cartel e responsabilizou o atual presidente e os gestores anteriores de terem vendido o Banco Central. "No Brasil existe um componente de cartel na formação da taxa de juros", completou.
O postulante ao Palácio do Planalto também criticou a desvalorização do real perante o dólar, as altas consecutivas dos combustíveis e o superendividamento dos brasileiros que, segundo ele, têm de optar entre pagar a conta de energia e comprar comida.
Sobre uma possível aliança com os adversários para o segundo turno, disse que jamais voltará a fazer palanque para Lula. No entanto, declarou que votou em Haddad em 2018 e deixou claro que que está em campo totalmente oposto ao do atual presidente. "Sou do campo da democracia e Bolsonaro é do campo do fascismo", ponderou.
Com vasta experiência política, como prefeito, governador, ministro e deputado, declarou-se abertamente como o candidato mais bem preparado para assumir o comando do país e ajudar na recuperação de estados e municípios falidos. Veja a íntegra da entrevista: