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Eleições: no Norte, Bolsonaro deve dominar palanques de governadores

Cinco dos sete mandatários da região são apoiadores do presidente; e eles vão em busca da reeleição

Eleições: no Norte, Bolsonaro deve dominar palanques de governadores
O presidente Jair Bolsonaro
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Apesar de não ter nenhum representante de seu partido à frente do governo estadual no Norte do país, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tende a contar com múltiplos palanques na região durante a campanha eleitoral deste ano. Cinco dos sete atuais governadores nortistas demonstram apoio público ao chefe do Executivo federal. E assim como Bolsonaro, eles irão em busca da reeleição.

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Independemente das alianças locais e nacionais feitas pelas siglas partidárias, os governadores do Norte que demonstram sintonia com o presidente da República são: Wilson Lima (Amazonas), Marcos Rocha (Rondônia), Gladson Cameli (Acre), Antônio Denarium (Roraima) e Wanderlei Barbosa (Tocantins). Os dois primeiros são do União Brasil, enquanto a dupla seguinte pertence ao PP e, por fim, o último está filiado ao Republicanos.

Publicamente, apenas dois governadores do Norte estão em lados opostos ao do ocupante do Palácio do Planalto. Hélder Barbalho, do MDB do Pará, declara publicamente que apoiará a candidatura de Simone Tebet, mas, nos bastidores, é tido como aliado do PT de Lula. Representante do PDT de Ciro Gomes no Amapá, Waldez Góes chegou a divulgar vídeos em que se opôs à prisão do ex-presidente. O político amapaense, porém, é o único governador da região que não poderá disputar a reeleição.

Dessa forma, entre os governadores do Norte que irão brigar novamente para se elegerem, a tendência é que Bolsonaro conte com o palanque em cinco casos. O que pode ocorrer até em tom informal, uma vez que o União Brasil, de Wilson Lima e Marcos Rocha, aposta na candidatura à Presidência República do deputado federal -- e presidente nacional do partido -- Luciano Bivar.

A força de Bolsonaro entre a maioria dos governadores da região não significará vida fácil para ele -- e nem para os atuais mandatários locais -- durante a campanha eleitoral deste ano. É o que aponta Celso Corsino, cientista social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e pós-graduado em marketing. Para ele, o Norte tem sofrido, cada vez mais, com três problemas: desemprego, isolamento do restante do país e criminalidade. "O Norte sofre com o aumento do tráfico de drogas, com, inclusive, a migração de muitos traficantes vindos do Sudeste", afirma o especialista em contato com o SBT News.

"Em quatro anos, a única obra que ele [Bolsonaro] inaugurou no estado [do Amazonas] foi uma ponte de madeira em Tabatinga."

Na visão de Corsino, Bolsonaro perdeu a oportunidade de se fazer presente na região, o que, para o eleitorado, poderia diferenciá-lo -- de forma positiva -- dos demais postulantes ao Palácio do Planalto. "O Norte sempre foi esquecido pela administração federal, independentemente da questão partidária. O Amazonas, por exemplo, deu votação recorde ao atual presidente, em 2018. E, em quatro anos, a única obra que ele inaugurou no estado foi uma ponte de madeira em Tabatinga. Gastou mais de R$ 700 mil para inaugurar uma ponte que custou R$ 255 mil."

O cientista social Celso Corsino, que critica como a administração federal lida, desde sempre, com a região Norte | Divulgação

Pulverização partidária na região

O cientista social pela UFAM também se atenta ao fato de, no Norte, o Executivo servir como símbolo da pulverização partidária do país. Siglas que abrigam Bolsonaro e Lula, PL e PT não têm nenhum governador na região. Nos sete estados, contudo, cinco legendas se dividem no poder. União Brasil e PP têm dois governadores. Com um representante cada, PDT, MDB e Republicanos completam a lista.

"No Norte, onde a educação é ainda pior, o caciquismo se revela ainda mais forte"

Não ter um aliado "raiz", de seus próprios partidos, pode afetar a campanha dos dois presidenciáveis na região. Por outro lado, isso tende a ser trunfo para os atuais líderes políticos locais. É o que analisa Celso Corsino. "Todo político quer um partido. Estar à frente de um partido permite liderar negociações, acessar de forma privilegiada o fundo partidário e organizar as distribuições de verbas eleitorais. No Norte, onde a educação é ainda pior, o caciquismo se revela ainda mais forte."

A questão de comando dos estados da região faz o cientista social versar a respeito do Partido Progressista. Isso porque o PP tem no Norte seus únicos dois atuais governadores em todo o país: Gladson Cameli (Acre) e Antônio Denarium (Roraima). Assim, a legenda deve investir forte na tentativa de reelegê-los. "São prioridades, os partidos não querem ficar sem mandatários e investem pesado nos antigos políticos, fator esse que dificultará ainda mais a renovação política que a população tanto pede".

Fator novidade deve perder força

A renovação mencionada por Corsino chegou até a surgir de modo tímido em 2018. No pleito de quatro anos atrás, dois personagens que até então nunca haviam disputado cargo eletivo algum foram eleitos governadores. Ex-apresentador de TV, Wilson Lima conquistou o direito de gerir o Amazonas. Coronel reformado do Exército, Marcos Rocha venceu a disputa em Rondônia. Esse tipo de feito, no entanto, não deve se repetir em 2022. É o que pensa o especialista.

"Em Rondônia, o governador militar surfou na onda do bolsonarismo e da tão esperada novidade, o que tende a não se repetir", comenta o cientista social. "No Amazonas, o atual governador aproveitou do cansaço da população com os políticos tradicionais e ocupou o espaço da novidade, pois apresentava um programa policial e tinha muita popularidade", destaca Corsino, ao observar que a avaliação positiva de Lima caiu, pois ele "se desgastou na pandemia".

Ex-apresentador de TV, Wilson Lima foi uma das novidades das eleições de 2018 | Diego Peres/Semcom

Redes sociais podem derrubar candidaturas

Sobre o pleito para a região Norte, Celso Corsino ainda chama a atenção para um mecanismo cada vez mais presente em campanhas eleitorais: as mídias digitais. Ele observa, porém, que esses canais servem mais para, em termos de marketing político, abalar a imagem de determinado oponente do que para propriamente se promover ideias, planos de governo e, assim, conquistar a confiança do povo.

"A internet é ainda uma terra quase sem lei."

"É praticamente impossível alguém vencer uma eleição hoje sem ter uma base de apoio nas redes sociais", declara o cientista social. "Elas não servem tanto para ganhar votos, mas para blindar a reputação, pois a internet é ainda uma terra quase sem lei, onde aqueles que têm militância destroem a reputação dos adversários".

Eleições 2022 - governadores do Norte

Assim, em meio à possibilidade de campanhas pelas redes sociais e pulverização partidária em pleno embate Bolsonaro X Lula, seis dos sete governadores da região Norte devem ir em busca da reeleição. Abaixo, a lista com os atuais administradores locais (e como eles estavam no pleito de 2018):

  • Acre - Gladson Cameli

Membro do PP, ele concorreu ao governo do estado pela primeira vez em 2018. Antes de almejar (e conquistar) o posto, Gladson Cameli já havia sido deputado federal por dois mandatos consecutivos e senador.

  • Amapá - Waldez Góes

Em 2018, o integrante do PDT superou a onda de novidades e se reelegeu governador amapaense. Como não renunciou, Waldez Góes não poderá concorrer a nenhum cargo público nas eleições gerais deste ano. Ele já havia administrado o estado de 2003 a 2010. 

  • Amazonas - Wilson Lima

Um dos símbolos da renovação política de quatro anos atrás, Wilson Lima é jornalista de formação e apresentou um programa de TV de 2010 a 2018, ano em que se filiou ao PSC. Neste ano, de olho na reeleição, trocou de partido, reforçando a lista de filiados ao União Brasil.

  • Pará - Hélder Barbalho

Representante do MDB, Hélder Barbalho chegou ao comando do Executivo paraense em 2018, após protagonizar um fato inusitado em 2014: quase foi eleito governador no primeiro turno, com 49,88% dos votos válidos, mas, no segundo turno, perdeu votos e viu Simão Jatene (PSDB) se reeleger com 51,92%. Antes de se tornar governador, em 2018, foi responsável por outro feito peculiar: era ministro de Dilma e seguiu ministro na gestão de Michel Temer.  

  • Rondônia - Marcos Rocha

Militar reformado do Exército, o coronel Marcos Rocha se lançou na política partidária em 2018. Aliado de primeira hora de Bolsonaro, conquistou a preferência do eleitorado rondoniense e foi eleito no segundo turno, quando venceu a disputa direta contra Expedito Júnior (PSDB).

  • Roraima - Antônio Denarium

Outro a se candidatar, em 2018, na lista de aliados de Bolsonaro. Antonio Denarium foi eleito governador pelo PSL, mas deixou a sigla (que se juntou ao DEM para criar o União Brasil) e foi para o PP em 2021.

  • Tocantins - Wanderlei Barbosa

Vereador de Porto Nacional (TO) e Palmas (TO) e deputado federal, Wanderlei Barbosa chegou ao comando do Executivo do Tocantins apenas em março deste ano. Isso porque, em 2018, ele foi eleito vice na chapa encabeçada por Mauro Carlesse, que renunciou ao mandato.

Saiba mais:

+ Dois governadores do Sul querem se manter no poder

+ No Sudeste, todos os governadores vão em busca da reeleição

+ Governadores do Centro-Oeste buscam reeleição e apoio de Bolsonaro

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